Crédito no varejo antes e depois da Covid-19

Publicado em 28 jun 2020.

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Se antes da pandemia conceder crédito no varejo já era um tema complexo, o momento atual pede ainda mais cautela e capacidade de readaptação do setor para superar a crise econômica que o país enfrenta. A pergunta que o mercado varejista se faz agora é como oferecer crédito e seguir beneficiando o consumidor, sem comprometer o caixa?

Para discutir o tema, fizemos mais um webinar com nossos parceiros e clientes, que abordou os desafios do crédito para o varejo antes e depois da Covid-19. Convidamos o Diretor da FICO GoON, Fabio Kruzich, para conduzir a conversa e contamos também com a participação de profissionais que são referência no meio: Alexandre Xavier, Diretor de Produtos da Boa Vista SCPC; Juliana Freitas, Fundadora da FortBrasil; e Vilson Guimarães, Diretor Executivo da VOX.

Durante o encontro online, eles compartilharam algumas das ações implementadas para trabalhar melhor no cenário imposto, acelerando os processos das empresas através de novos meios de pagamento digitais e buscando se comunicar com os clientes de forma efetiva e transparente. Tudo para minimizar o impacto que a pandemia causou e ainda está causando nos negócios.

Crédito no varejo: quais são os impactos da Covid-19 até agora?

Antes do surgimento da Covid-19, o comportamento do consumidor era diferente, assim como a sua condição econômica. Estes são os dois principais fatores que determinam os números mais recentes sobre o mercado varejista. De acordo com o Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA), a receita de vendas recuou 35,4% — o resultado mais negativo apurado pelo índice desde sua criação em janeiro de 2014.

Dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) também mostram que o percentual de endividamento das famílias no Brasil cresceu com relação à 2019. Foi de 63,4% para 66,5% no mês de maio, incluindo dívidas em cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, empréstimo pessoal, prestação de carro e seguro.

Outro número que chama atenção, em matéria do Valor Econômico, é que as dez maiores varejistas de capital aberto do país aumentarem em quase 40% a previsão para calotes. Ou seja, todos esses dados demonstram o impacto da pandemia no sistema de crédito e o panorama do momento pode ser analisado em três pontos, conforme a apresentação do webinar:

  • A quarentena impactou de forma definitiva os canais e o volume de concessão de crédito;
  • O crescimento da inadimplência gera o receio na aprovação do crédito pelas empresas, tornando as políticas mais rígidas;
  • Apesar disso, é preciso continuar dando crédito ao consumidor para movimentar as carteiras e alavancar as vendas em determinadas oportunidades.

A discussão se baseia em encontrar caminhos possíveis para a concessão de crédito, tomando como base as mudanças de costume dos clientes, a gestão de recursos interna e o entendimento sobre as novas leis que estão sendo criadas, a exemplo do PL 675/2020, que ainda está em trâmite e suspende a inscrição de informações negativas de consumidores em cadastros como o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e o Serasa.

Adaptação para atender o novo consumidor digital

Segundo os participantes do webinar, uma das práticas fundamentais que ajudam no enfrentamento dessa nova fase é a agilidade para mudar os planos, o que também demanda um entendimento sobre os novos modelos de tecnologia em meios de pagamento para se relacionar com o consumidor.

Em comum, todos têm a experiência de que os processos de digitalização no varejo, que já vinham ocorrendo, estão acelerando cada vez mais, inclusive como uma forma de estar mais próximo do cliente. Para Vilson Guimarães, Diretor Executivo da VOX , o papel do varejo agora é ser um facilitador: “Estamos tentando antecipar um problema que o cliente pode vir a enfrentar, para que ele não se sinta desamparado nesse momento, principalmente para renegociar valores. Devemos ser multicanal e entregar serviços diferenciados”, aponta, acrescendo que os processos no meio digital da empresa aumentaram em 40% nesse período.

Para Juliana Freitas, Fundadora da FortBrasil, tornar o processo de gestão genuinamente digital é o que pode fortalecer os negócios que quiserem sair da crise. “Aqui nós acreditamos que o caminho é educar o cliente a usar novos canais, investir na usabilidade dos aplicativos e proporcionar uma boa experiência para o consumidor”, comenta ela, que também compartilhou algumas medidas da empresa para soluções de crédito: diminuição da taxa de juros de parcelamento, paralisação no aumento de limite e diminuição no limite de clientes que estavam há 3 meses sem usar o cartão.

Já Alexandre Xavier, Diretor de Produtos da Boa Vista SCPC, que atua com o Cadastro Positivo (banco de dados com informações sobre o histórico de pagamentos), entende que a recuperação de crédito vai ser a conversa dos próximos meses. Para ele, uma das formas de enfrentar a crise é, mais do que nunca, ter um olhar analítico sobre os dados atuais do varejo e fazer disso uma oportunidade para traçar estratégias mais inovadoras.

 

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