CIAB 2021: 8 insights para o mercado de meios de pagamento

Publicado em 29 jun 2021.

Tempo de leitura 11 minutos de leitura

O CIAB 2021 reuniu, mais uma vez de forma online, os principais players da indústria de meios de pagamento e do mercado financeiro para debater os temas mais quentes para os setores.

Foram 4 dias de programação intensa e nós resumimos nesse artigo os 8 tópicos que consideramos mais importantes a partir do que foi discutido. Confira!

 

1. Mercado de meios de pagamento desempenha papel decisivo para a retomada econômica

 

Em diferentes painéis do CIAB 2021 ficou clara a importância do setor para a recuperação da economia no pós-pandemia e também para a redução dos impactos sociais da crise. Isso se dá por diferentes razões, sendo as principais delas:

  • Implementação de inovações no sistema financeiro que impulsionam a bancarização e a competitividade, como Pix e Open Banking;
  • Inclusão financeira e digital de milhões de brasileiros no período de pandemia, principalmente pelo pagamento do auxílio emergencial por meio de contas digitais;
  • Novas soluções de meios de pagamento e investimento em tecnologia antifraude para que a sociedade pudesse continuar se movendo durante a pandemia;
  • Concessão de crédito para pessoas físicas e jurídicas – o que contribuiu para manutenção de empregos e renda;
  • Papel das instituições em ações de responsabilidade social, como doação de alimentos e recursos para produção de vacinas, entre outros.

 

2. Pix: novas funcionalidades vão acelerar a transformação

 

Após 6 meses do seu lançamento e com mais de R$ 1 trilhão já transacionado pelo sistema de pagamentos instantâneos, o Pix esteve entre os temas mais comentados do evento.

Um dos pontos debatidos foi a adesão do Pix pelo varejo, que ainda não está em seu máximo potencial. Segundo João Manoel Pinho de Mello, diretor de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução do Banco Central, já era esperada a adoção deste meio de pagamento primeiro por autônomos e por grandes varejistas, como de fato aconteceu, devido à demanda tecnológica existente para recebimento de pagamentos instantâneos.

Agora, de forma cada vez mais acelerada, negócios de outros portes começam a integrar seus sistemas ao Pix para oferecer esta opção de pagamento aos seus clientes – o que deve se consolidar com o lançamento das funcionalidades Pix Saque e Pix Troco. “A expectativa é que cada vez mais o varejo embarque nesse serviço para incluir pessoas que às vezes precisam viajar quilômetros para realizar um saque, aproveitando uma estrutura que já existe para oferecer serviços adicionais”, comentou Mello.

No mesmo painel, “Pix cai no gosto do brasileiro”, a head de Inovação em Pagamentos do Mercado Livre e Mercado Pago, Elaine Shimoda, contou um pouco da experiência de aceitação do Pix no e-commerce e a agilidade trazida para a operação. Vale conferir a sessão na íntegra!

 

3.  Open Banking e Open Finance: grandes oportunidades, proteção de dados e engajamento dos usuários

 

A implementação do Open Banking no Brasil foi tema do painel “Open banking traz oportunidades de monetização e põe cliente no comando”, em que foram apontadas as expectativas para este que será um novo cenário para o sistema financeiro brasileiro.

Os participantes, porém, destacaram a importância do engajamento dos usuários dos serviços e da clareza sobre proteção de dados para o sucesso do modelo brasileiro.

João André Pereira, chefe do Departamento de Regulação do Sistema Financeiro do Banco Central, ressaltou que a segurança de dados é um ponto central na agenda do Bacen e que o Open Banking é a forma organizada e segura de implementar a LGPD no sistema financeiro, considerando que estão sendo seguidas as melhores práticas para compartilhamento de informações.

Marcos Alexandre Pina Cavagnoli, do Itaú Unibanco, complementou: “Segurança é a pedra basal no design de experiência do Open Finance. Por isso, o cliente precisa se sentir seguro e apoiado em todos os pontos de contato com a instituição. (…) Se a gente fizer isso bem feito, em uns 5 anos teremos uma população entendendo muito melhor o que é privacidade, o que é vantajoso compartilhar de informações e benefícios que podem ser colhidos. Isso vai ser muito positivo para a maturidade do país não só no setor financeiro, mas também para a evolução de outros modelos que têm compartilhamento de dados – como o Open X, por exemplo“. Confira este painel na íntegra

 

4. Porta aberta para a inovação: novo Sandbox Regulatório acelera colaboração no setor

 

O novo Sandbox Regulatório foi uma das pautas do painel que debateu as “portas de entrada” para o desenvolvimento de novos produtos e ofertas no sistema financeiro.

Para Angelo J. Mont’alverne Duarte, chefe do Departamento de Competição e de Estrutura do Mercado Financeiro do Banco Central, a tecnologia é o grande drive de evolução da indústria de meios de pagamento, inclusive para que a inovação traga benefícios a todos os públicos – considerando diferenças sociais e geracionais na adoção de novas tecnologias.

E, diante disso, o Sandbox Regulatório, estimula a inovação e a diversidade de modelos de negócio, incentivando a concorrência entre os fornecedores de produtos e serviços financeiros para atender às diversas necessidades dos usuários.

Bruno Diniz, diretor da Financial Data & Technology Association para América Latina e sócio da Spiralem, também comentou este novo cenário que irá acelerar a colaboração no setor “estamos nos movendo para uma realidade muito mais plataformizada, sem a verticalização de todo o desenvolvimento dentro de casa. O Sandbox vai incentivar as instituições a terem essa abordagem também, trazendo soluções de parceiros para a jornada”.

Assista ao painel:

Confira também a participação do Bruno Diniz na nossa agenda de lives para o CIAB 2021, participando da sessão com Fred Amaral sobre “Embedded Finance: o fenômeno que está transformando empresas em bancos“. 

 

5. Experiência do usuário é diferencial em um mundo cada vez mais digital

 

Não é novidade a aceleração proporcionada pelo período de pandemia na adesão a novos meios de pagamento, na utilização de serviços mobile e no investimento das instituições em recursos tecnológicos. O grande ponto de discussão, portanto, deve ser a prioridade em tornar a experiência do usuário a melhor e mais fluida possível considerando esse novo contexto.

Ao longo do CIAB 2021, foram diversos os painéis que abordaram, de alguma forma, essa questão. Aqui neste artigo, queremos destacar os resultados da pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária 2021, que foram divulgados em uma delas:

      • Pela primeira vez, mobile banking representa mais da metade do total das transações bancárias (52,9 bi);
      • As transações com movimentação financeira no mobile tiveram um salto de 64% em 2020, impulsionadas pelo contexto da pandemia e do auxílio emergencial;
      • O total de contas ativas no mobile banking mais que dobrou. Mesmo sem considerar o efeito do auxílio emergencial, o crescimento teria sido de 39%;
      • Canais digitais seguem em expansão, enquanto os canais tradicionais perdem espaço na composição do total de transações;
      • A quantidade de transferências bancárias nos canais digitais foi 14 vezes maior que a quantidade dos canais físicos;
      • 9 em cada 10 contratações de crédito são realizadas em canais digitais;
      • 85% dos pagamentos de contas são realizados nos canais digitais.

Ou seja, investir na melhor experiência digital, desde o onboarding até a fidelização, não é mais apenas ideal, mas obrigatório – seja qual for o perfil do seu usuário.

 

6. Acesso à internet e preferência por dinheiro são barreiras para maior avanço em inclusão financeira

 

Se não há dúvidas de que em 2020 o Brasil viu um grande avanço em bancarização, é sabido também que é preciso engajar esses novos usuários para que continuem usando suas contas digitais após o período de pandemia. E, neste ponto, emissores têm alguns desafios a superar.

Para Renato Meirelles, Presidente do Instituto Locomotiva, o desconto praticado em pagamentos à vista com dinheiro em papel é um exemplo dessas barreiras. Segundo ele, o percentual de desconto ainda é mais atrativo do que rendimentos pagos em investimentos acessíveis para a população de baixa renda. Por isso, emissores devem buscar novos caminhos e maiores vantagens para conquistar esses brasileiros que ainda preferem usar dinheiro vivo.

Outro ponto apresentado pelos participantes do painel foi o acesso limitado à internet para utilização de soluções financeiras digitais. Neste sentido, a democratização da internet de qualidade e disponível a todo momento será essencial para a real inclusão financeira dos brasileiros.

Confira o conteúdo completo deste painel no CIAB 2021:

 

7. 5G: conectividade permitirá desenvolvimento de novos serviços e avanço do setor

 

Falando em acesso à internet, o 5G deve trazer impactos positivos para diferentes setores da economia, permitindo surgimento de inúmeras aplicações e proporcionando maior conectividade entre pessoas e também entre máquinas.

No setor financeiro, a expectativa é de que o 5G abra caminho para o surgimento de novos serviços digitais e aplicações mais sofisticadas de prevenção a fraude, além de proporcionar uma experiência muito mais avançada aos usuários.

Para Antônio Carlos Wagner Chiarello, diretor de Agronegócios do Banco do Brasil, o 5G vai possibilitar novas experiências ao cliente, potencializando o uso de realidade aumentada e realidade virtual, com elevada qualidade de streaming.

 

8. Trilha ESG no CIAB 2021: diversidade, inclusão e educação financeira são essenciais para sucesso e resiliência dos negócios

 

O CIAB 2021 teve uma trilha dedicada à temática de ESG (sigla para Environmental, Social and Corporate Governance) no qual foram debatidos temas como finanças verdes, responsabilidade social corporativa, diversidade e inclusão e educação financeira.

E, ao longo dos painéis, uma mensagem que ficou presente é que iniciativas com foco em ESG são fundamentais para que as organizações do setor sejam também mais competitivas. Para Ana Carla Abrão, Head da Oliver Wyman no Brasil, “essa é também uma agenda de negócios. Se a gente quer de fato garantir o entendimento dessa sociedade e oferecer produtos e serviços a todos, precisamos ter do outro lado do balcão a mesma diversidade que vemos aqui fora”.

Este debate do CIAB 2021 você pode conferir na íntegra abaixo:

 

Resumo: o que vimos de mais interessante no CIAB 2021?

 

  • O setor financeiro e o mercado de meios de pagamento desempenham papel fundamental no cenário pós-pandemia, seja por avanços no sistema financeiro (como implementação de Pix e Open Banking), seja por ações com foco em reduzir o impacto da crise;
  • Novas funcionalidades do Pix (Pix Troco e Pix saque) serão lançadas em breve e devem engajar o varejo ainda mais na adesão deste meio de pagamento. Assim, teremos também um salto na inclusão financeira, aproveitando estruturas já existentes para facilitar acesso a serviços financeiros;
  • Open Banking ainda demanda maior engajamento dos usuários de meios de pagamento e entendimento sobre proteção de dados, porém, vencido esse obstáculo, há possibilidade de avanço também em outros modelos que compartilham dados no futuro, como o Open X;
  • Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária mostrou avanço no mobile banking em 2020 – pela primeira vez, representou mais da metade do total das transações bancárias. Isso demanda foco ainda maior na melhoria da experiência dos usuários de meios de pagamento;
  • O Brasil evoluiu em inclusão financeira, entretanto, ainda é preciso engajar esses novos usuários de contas digitais para que continuem usando os serviços financeiros após a pandemia. Desconto praticado no pagamento com dinheiro e acesso limitado à internet são barreiras que precisam ser superadas.

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