AWS re:Invent, o maior evento de Cloud pública do mundo

Publicado em 08 jan 2020.

Tempo de leitura 7 minutos de leitura

Nos dias 02 e 06 de Dezembro, a Dock esteve presente com 7 representantes no AWS Re:Invent, maior evento de Cloud pública do mundo realizado em diversos resorts de Las Vegas, que contou com aproximadamente 65.000 participantes de todos os continentes.

Durante uma semana, tivemos a oportunidade de imergir em conteúdo de altíssimo nível apresentado por diversos profissionais em palestras, sessions, talks e workshops. Neste post, pretendo compartilhar um pouco dessa imersão. 

Essa foi a 8ª edição do Reinvent e, em 5 dias, a AWS anunciou 77 novos produtos e serviços nos mais diversos segmentos: banco de dados, machine learning, segurança, redes, armazenamento, dentre outros. Nesse link é possível obter a lista completa de lançamentos: https://tinyurl.com/txnss46

Bom, vamos aos highlights

  • Cloud Computing

O primeiro grande lançamento anunciado foi o Graviton2, um processador ARM projetado para executar tasks em nuvens que envolvam machine learning, aplicações e bancos de dados. O Graviton2 estará disponível nas instâncias Ec2 e promete entregar uma performance até 40% maior do que o x86 da Intel. 

Um outro lançamento relacionado a cloud computing que instigou bastante foi o AWS Fargate para EKS. O Fargate existe há cerca de 2 anos com a função de executar containers sem a necessidade de gerenciar a infraestrutura. Uma frase que chamou bastante atenção nessa apresentação foi If you are looking to infraestructure — you are looking to the wrong thing.

A novidade sobre esse serviço é que agora ele pode ser executado dentro do EKS (Amazon Elastic Kubernetes Service). Antes disso, os devs precisavam realizar uma série de implementações dentro das instâncias Ec2 para rodar seus containers Kubernetes, agora, não mais. O AWS Fargate garante maior precisão na escalabilidade das soluções e redução de latência.

Dando prosseguimento, o Outposts foi anunciado como uma evolução da famosa parceria que a Amazon possui com a VMware, onde as empresas que possuem servidores físicos podem executar as mesmas tarefas em um ambiente cloud. O Outposts tem a proposta de integrar os dados que estão em sistemas legados com as aplicações mais recentes criadas na nuvem.

Tivemos ainda o AWS Nitro, uma combinação de hardware e hypervisor onde os recursos de redes da VPC e de armazenamento do EBS são implementados por Nitro Cards (componentes de hardware). O hipervisor Nitro é baseado na tecnologia de núcleo Kernel-based Virtual Machine do Linux, mas não inclui componentes de sistema operacional de uso geral. Esse hardware permite que o hipervisor Nitro seja muito pequeno e não se envolva em tarefas de processamento de dados para redes e armazenamento. O ganho é muito grande, pois toda a comunicação de rede e disco são feitas diretamente no novo hardware nitro card.

  • Machine Learning

Na minha visão, essa foi a tecnologia mais explorada pela AWS durante todo o evento. Nas palavras do vice-presidente de IA, Matt Wood, “we want to bring machine learning to all: devs and data scientists”. Essa declaração mostra claramente a tendência da Amazon em democratizar e simplificar o acesso aos recursos de aprendizagem de máquina.

Dentro desse contexto, uma gama de novas features para SageMaker foram apresentadas:

SageMaker Notebooks: criado com o propósito de abstrair a criação de notebooks de machine learning;

SageMaker Studio: IDE para machine learning;

SageMaker Debugger: como o próprio nome sugere, uma ferramenta dedicada ao troubleshooting  e a visualização de dados;

SageMaker Experiments: possibilita a comparação de modelos e algoritmos distintos;

SageMaker Model Monitor: ferramenta fantástica que analisa a acurácia dos modelos e emite alertas se algo estiver fora da curva;

SageMaker Autopilot: permite a automação de grande parte das tarefas relacionadas ao controle e a visibilidade dos modelos.

Além das novidades no SageMaker, tivemos a apresentação do AWS Deep Composer, um teclado musical baseado em machine learning para criação de músicas (inclusive a AWS pretende comercializar um keyboard  a partir do primeiro semestre de 2020). Já o AWS Contact Lens foi apresentado como um serviço dedicado a atendimentos de help desk que analisa em tempo real a voz dos clientes e detecta alterações de sentimentos e tendências de ações. Muito interessante! 

Dentro do universo de ML, tivemos ainda o lançamento do CodeGuru, uma ferramenta para inspeção de código, Amazon Kendra, para análise textual semântica baseada em PLN e uma solução antifraude (FraudDetector).

O Andy Jassy, CEO da AWS, deixou muito claro em seu keynote que continuarão a investir massivamente no uso de machine learning nos próximos anos.

  • Serverless

PaaS também foi um tema bastante comentado no Reinvent, tanto nas palestras quanto nos bastidores. Diversas empresas ao redor do mundo estão subindo suas plataformas em serviços AWS e deixando cada vez mais para trás a abordagem IaaS (apesar de essa ainda ser a “categoria” cloud mais utilizada dentro da AWS).

A grande vantagem apontada para as soluções PaaS é justamente focar no negócio e abstrair completamente a infraestrutura (servers, storages, links, etc.). Obviamente, existe muita controvérsia em torno da adoção do conceito Serverless, pois muitos profissionais ainda acreditam ser uma estratégia das gigantes de cloud computing para “aprisionar” seus clientes, além de ser uma grande blackbox. Controvérsias à parte, existe mais um grande hype em andamento.

Destaque para o case da Novartis em pesquisas biomédicas, onde 100% da solução foi construída PaaS utilizando Lambda, RDS e DynamoDB (NoSQL). 

  • Data

A AWS apresentou muitas novidades relacionadas a armazenamento e manipulação de dados. O famoso serviço de data storage S3 recebeu um upgrade no gerenciamento de acessos aos buckets de armazenamento com o AWS S3 Access Point. Diversas empresas já tiveram dados sigilosos vazados pela configuração incorreta das políticas de acesso dos buckets S3 e a Amazon se preocupou com isso. Mais uma vez ficou clara a proximidade da gigante cloud com os seus clientes.

Para o AES (Amazon ElasticSearch Service) foi lançado o AWS Ultrawarm, um novo nível de hot storage para dados críticos que necessitam de visualização rápida. Sua interface é bem similar ao Kibana e é bastante amigável para exploração de dados complexos, como logs, por exemplo.

O consolidado AWS Redshift teve três grandes novidades: AQUA (cache baseado no S3 com promessa de incremento na performance); Query Export (solução que permite exportar os dados extraídos para o S3 e/ou RDS) e RA3 Instances (novos tipos de nodes do Redshift, mais baratos e mais rápidos. As instâncias RA3 executam sobre o AWS Nitro System).

NoSQL não ficou de fora: MCS (Managed Cassandra Service) foi anunciado como a abstração da AWS para workloads do Apache Cassandra. Essa novidade foi muito bem recebida pela comunidade cloud.

 

  • Arquitetura

Mais uma vez pensando nos clientes finais, a AWS lançou o Local Zones, que leva o poder de processamento da nuvem para geografias próximas dos usuários. A primeira local zone é em Los Angeles e em breve teremos outras ao redor do planeta.

Tivemos ainda o anúncio do AWS Wavelenght, um serviço desenvolvido em parceria com a Verizon e que proporciona aos desenvolvedores mobile um dev environment com baixa latência na rede (5G) da operadora.

Participar de um evento dessa magnitude despertou em todos nós um sentimento comum de incômodo. Ao perceber companhias e profissionais colocando tanta coisa interessante em produção, é impossível não querer fazer o mesmo. 

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