Educação financeira: como se adaptar à nova resolução do Banco Central
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A educação financeira é uma ferramenta fundamental para empoderar os consumidores e promover um mercado financeiro mais justo e transparente. Com a finalidade de disseminar a educação financeira, o Banco Central e o Conselho Monetário Nacional publicaram uma resolução conjunta que determina as ações que devem ser adotadas por instituições financeiras e de pagamento nesse âmbito.
Com a nova resolução, que enfatiza a importância da educação financeira, bancos e fintechs passam a ter um papel ainda mais relevante na disseminação do conhecimento financeiro.
Neste artigo, você vai saber como essas instituições podem se adaptar a essa diretriz, aproveitando as oportunidades para se destacar no mercado.
O que diz a nova resolução do Banco Central sobre educação financeira?
Para impulsionar a educação financeira, o Banco Central (BC) e o Conselho Monetário Nacional (CMN) publicaram a Resolução Conjunta nº 8. Essa norma, que entrou em vigor no dia 1º de julho de 2024, tem o propósito de regular as ações de educação financeira a serem implementadas por instituições financeiras, instituições de pagamento e demais instituições autorizadas a funcionar pelo BC.
Entre seus principais objetivos, está a prevenção do superendividamento e a promoção da organização e planejamento financeiro pessoal e familiar.
A nova resolução estabelece que as instituições devem:
- Implementar medidas de educação financeira: direcionadas aos clientes e usuários, incluindo empresários individuais, para ajudar na formação de poupança, resiliência financeira e prevenção ao inadimplemento.
- Desenvolver políticas éticas e transparentes: a política de educação financeira deve ser baseada em ética, responsabilidade e transparência, considerando todas as fases do relacionamento com o cliente e sendo compatível com o modelo de negócio e a complexidade dos produtos oferecidos.
- Monitorar e controlar a efetividade das iniciativas: instituir mecanismos de acompanhamento para garantir a implementação, monitoramento e correção de eventuais ineficiências na política de educação financeira.
- Designar um diretor responsável: um diretor deve ser nomeado para assegurar a implementação das políticas e prestar contas ao Banco Central.
A resolução também faz parte da Agenda BC#, que visa democratizar o acesso a serviços financeiros e promover a inclusão financeira. Este movimento é essencial, especialmente considerando o aumento do número de brasileiros que utilizam produtos financeiros e, consequentemente, a elevação dos riscos associados, como fraudes e superendividamento.
Por que a educação financeira é fundamental?
A educação financeira é uma ferramenta que pode transformar a forma como os consumidores lidam com o próprio dinheiro. Ela ajuda as pessoas a entenderem melhor seus direitos e deveres financeiros, a planejar seu futuro econômico e a evitar armadilhas financeiras.
Para as empresas, promover a educação financeira pode aumentar a confiança e a lealdade dos clientes, além de criar novas oportunidades de negócios.
Na América Latina, a falta de educação financeira mantém um grande mercado consumidor inexplorado e excluído. Milhões de potenciais clientes desconhecem conceitos básicos que são essenciais para diagnosticar sua realidade financeira e entender as soluções disponíveis no mercado. Logo, qualquer estratégia de crescimento sustentável na região deveria ter foco em combater o “analfabetismo financeiro”.
A promoção da educação financeira deve ir além da conscientização. Segundo a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), a educação financeira envolve capacitar consumidores para compreender melhor produtos, conceitos e riscos financeiros, ajudando-os a desenvolver habilidades e confiança para tomar decisões.
Isso só pode ser alcançado com a colaboração de todos as partes do mercado financeiro, incluindo reguladores, instituições financeiras, pesquisadores e especialistas em educação.
Como se adequar à regulação sobre educação financeira do Banco Central?
Para se adequar à regulação do Banco Central sobre educação financeira, é essencial que bancos, fintechs e outras organizações que atuam no setor adotem uma abordagem estratégica. A seguir, apresentamos algumas dicas para a sua empresa cumprir com a nova regulamentação.
Incluir a educação financeira ao longo da jornada do cliente
Bancos e fintechs devem integrar módulos de educação financeira em cada etapa da jornada do cliente, desde a abertura de conta até a utilização de produtos mais complexos.
Isso pode incluir desde orientações básicas sobre o uso da conta até informações detalhadas sobre investimentos e crédito. A ideia é que o cliente se sinta acolhido e informado em todas as suas interações financeiras.
Além disso, conteúdos educativos devem ser atualizados regularmente para acompanhar as mudanças no mercado financeiro e as novas regulamentações.
Pensar as famílias como um todo
Outra estratégia positiva é o desenvolvimento de programas que incluam todos os membros da família, promovendo uma cultura de responsabilidade financeira.
Isso pode ser feito por meio de workshops, palestras e materiais educativos direcionados a diferentes faixas etárias. Envolver toda a família ajuda a criar um ambiente de apoio mútuo, em que todos aprendem e praticam juntos os princípios de uma boa gestão financeira.
Além disso, as empresas podem criar programas de incentivo às discussões familiares sobre finanças, ajudando a construir um futuro mais seguro para todos.
Considerar a educação financeira como prática relacionada ao coletivo
Encorajar práticas financeiras coletivas, como grupos de poupança e investimentos comunitários, pode fortalecer a educação financeira no nível comunitário. Essas práticas promovem a colaboração e o compartilhamento de conhecimento entre os participantes.
Além disso, iniciativas coletivas podem proporcionar melhores condições de negociação e acesso a produtos financeiros mais vantajosos. A educação financeira coletiva também pode incluir atividades como feiras financeiras e programas de mentoria.
Utilizar ferramentas adequadas e eficazes
Ferramentas analíticas, como as usadas pelo Banco do Brasil, podem ajudar a entender melhor as necessidades individuais dos clientes e oferecer soluções personalizadas.
Essas ferramentas permitem a análise de padrões de comportamento financeiro e a identificação de áreas nas quais os clientes podem melhorar. Além disso, elas podem ser utilizadas para oferecer conselhos financeiros automatizados e personalizados.
Estabelecer parcerias estratégicas
Colaborações com empresas e instituições podem expandir o alcance dos programas de educação financeira.
Parcerias com escolas, universidades, ONGs e outras organizações comunitárias podem ser bastante eficientes. Essas colaborações podem resultar em programas educativos conjuntos, eventos e campanhas de conscientização.
Além disso, parcerias com outras instituições podem ampliar o impacto das iniciativas e facilitar a troca de melhores práticas.
Adaptação da linguagem dos canais de comunicação
É essencial que as instituições financeiras adaptem seus canais de comunicação e passem a usar uma linguagem acessível e inclusiva. Isso significa usar uma linguagem clara e compreensível para todos os perfis de clientes, independentemente de seu nível de alfabetização financeira.
A comunicação deve ser direta, evitando jargões técnicos e usando exemplos práticos que façam sentido no dia a dia dos consumidores. Além disso, os materiais devem ser acessíveis, contemplando diferentes formatos como texto, áudio e vídeo.
Desenvolvimento de conteúdos educativos e atraentes
O desenvolvimento de conteúdos educativos personalizados deve ser estratégico, considerando a diversidade dos perfis dos clientes. Isso inclui criar materiais que sejam visualmente atraentes, como vídeos, infográficos, webinars e até jogos interativos.
Os conteúdos devem ser projetados para engajar e educar as pessoas de maneira eficiente, a partir de histórias reais e exemplos práticos. Além disso, é importante que esses materiais sejam facilmente acessíveis e compartilháveis, para alcançar o maior número possível de pessoas.
Boas práticas de promoção de educação financeira no contexto brasileiro
Durante o Febraban Tech 2024, cases sobre como a educação financeira pode ser praticada no Brasil foram compartilhados por organizações do setor.
Um desses momentos ocorreu no painel “Estratégias adotadas pelas instituições financeiras na promoção de ações de educação financeira”, que contou com a presença de Emanuelle Moraes, Gerente de Cidadania e Sustentabilidade do Sicoob, Gisele Morgado, Operations and Digital Channels Manager do BNDES, Gustavo Korb, gerente de Soluções do Banco do Brasil, Rodrigo de Araújo Soares Pereira, superintendente de Produtos e Estratégia da Ágora Investimentos, e Amaury Oliva, diretor de Sustentabilidade, Cidadania Financeira, Relações com o Consumidor e Autorregulação da Febraban.
O Sicoob (Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil), por exemplo, implementou programas de educação financeira (as “Clínicas Financeiras Virtuais”) que alcançaram milhares de pessoas, promovendo a inclusão financeira e o empoderamento econômico. Na prática, essa estratégia envolve uma consultoria financeira individualizada, gratuita e online.
Outro exemplo é o BNDES, que foca em ajudar micro, pequenas e médias empresas (que representam mais de 700 mil clientes), com uma variedade de soluções de crédito e garantias, contando com vários parceiros financeiros para ganhar capilaridade. Com uma plataforma on-line, a empresa conecta usuários e parceiros para impulsionar a inclusão financeira.
Já a Ágora Investimentos contribui para direcionar a educação financeira para pequenos investidores, com um hub de conteúdos que promovem mais conscientização e independência para os seus usuários.
Esses tipos de iniciativas estão alinhadas às diretrizes do Banco Central, além de fortalecer a reputação das instituições financeiras.
Confira o painel completo com essas iniciativas apresentadas durante o evento:
Educação financeira para empoderamento financeiro: conte com a Dock!
A educação financeira é vantajosa para bancos, fintechs e demais empresas que oferecem serviços financeiros. Ela facilita a diferenciação no mercado, aumenta a confiança e lealdade dos clientes e cria oportunidades para desenvolver novos produtos e serviços baseados nas necessidades dos consumidores.
Contar com os parceiros certos, como a Dock, é essencial para adotar estratégias eficientes e se adequar à resolução sobre educação financeira do Banco Central.
Na Dock, acreditamos que a educação financeira é um pilar fundamental para a inclusão e empoderamento financeiro. Consideramos crucial dar acesso à informação, ferramentas, soluções e tecnologia para incluir, educar e empoderar pessoas e empresas. Nesse sentido, nossa missão é desmaterializar o universo financeiro para impulsionar a sociedade e acreditamos
A educação financeira é um caminho para um futuro mais justo e inclusivo. Bancos e fintechs que se comprometem a seguir essa jornada, além de cumprirem uma obrigação regulatória, também contribuem para uma sociedade mais consciente e financeiramente saudável.
Educação financeira do Banco Central: o que você viu neste artigo
- A educação financeira é uma ferramenta poderosa que pode transformar a forma como os consumidores lidam com o próprio dinheiro.
- A nova resolução do Banco Central, Resolução Conjunta nº 8, entrou em vigor em 1º de julho de 2024 e visa regular as ações de educação financeira das instituições financeiras e de pagamento.
- Essa resolução tem como objetivos principais a prevenção do superendividamento e a promoção da organização e planejamento financeiro pessoal e familiar.
- As instituições devem implementar medidas de educação financeira direcionadas aos clientes, desenvolver políticas baseadas em ética e transparência, monitorar a efetividade das iniciativas e designar um diretor responsável.
- Na América Latina, a falta de educação financeira mantém um vasto mercado consumidor inexplorado, sendo essencial combater o “analfabetismo financeiro” para um crescimento sustentável.
- A promoção da educação financeira deve ir além da conscientização, envolvendo a colaboração de todos os atores do mercado financeiro, incluindo reguladores, instituições financeiras, pesquisadores e especialistas em educação.
- Para se adequar à nova regulação, é necessário incluir educação financeira ao longo da jornada do cliente, pensar nas famílias como um todo, considerar a educação financeira como prática coletiva e usar ferramentas adequadas.
- Estabelecer parcerias estratégicas, adaptar canais de comunicação e desenvolver conteúdos educativos atraentes também são ações essenciais nesse sentido.
- A educação financeira é vantajosa para bancos, fintechs e demais empresas, facilitando a diferenciação no mercado, aumentando a confiança e a lealdade dos clientes e criando oportunidades para novos produtos e serviços.
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