Evolução dos meios de pagamento: de onde viemos e para onde vamos?
13 minutos de leitura
Qual meio de pagamento você mais utiliza atualmente? Por mais que hoje estamos habituados a ter o nosso controle financeiro na palma das nossas mãos — literalmente —, nem sempre foi assim. Neste artigo, descubra como se deu a evolução dos meios de pagamento.
Os pensadores gregos já diziam que precisamos conhecer o passado para compreender o futuro. Aqui no nosso blog, falamos com frequência sobre o futuro dos meios de pagamentos e sobre novas tecnologias que estão transformando experiências de compra.
Mas qual foi a história que nos trouxe até aqui? Como a evolução dos meios de pagamento passou, ao longo de muitos anos, de um sistema de trocas de mercadorias para o que vivenciamos hoje, com pagamento por carteiras digitais, pagamentos contactless ou via wearables e até reconhecimento facial?
Que tal voltar no tempo para contar essa história e conhecer a evolução dos meios de pagamento no Brasil e no mundo e refletir sobre o que deve vir pela frente?
A tecnologia e a evolução dos meios de pagamento ao longo do tempo
A tecnologia, como bem sabemos, impulsiona a inovação em qualquer área – e não poderia ser diferente no setor de meios de pagamento.
Foi ela que permitiu avanços importantes ao longo da história, desde a cunhagem de moedas ao se dominar a prática de manipulação de metais, até a chegada de modelos mais flexíveis para o setor com o impulsionamento das fintechs no período mais recente.
O fato é que, no momento em que vivemos, essas transformações estão ocorrendo de forma mais acelerada do que anteriormente.
Evoluções que levaram séculos e décadas para acontecer, agora chegam em poucos meses. E isso tem exigido um olhar ainda mais estratégico das organizações, especialmente no varejo, para acompanhar o que o consumidor espera como experiência de pagamento.
Abaixo, conheça os meios de pagamentos mais utilizados em toda a nossa história e saiba como a tecnologia está fazendo com que novas possibilidades surjam e também como se deu a evolução dos meios de pagamento no Brasil.
Sistema de trocas
Como sabemos, as atividades comerciais começaram por meio de um sistema de trocas entre indivíduos, em que cada um trocava o que tinha, especialmente itens perecíveis de produção agrícola. Assim eram os pagamentos em um período que durou até, aproximadamente, 7 mil A.C.
Moeda de Metal
Com o desenvolvimento de meios que permitiam a transformação de metais e a evolução do comércio, começou a cunhagem de moedas de metais. Isso ocorreu inicialmente em regiões como Turquia, Grécia, Índia e China.
O início da utilização de moedas é um marco muito importante para a nossa história, afinal, é o início do pagamento legal e padronizado.
Papel Moeda
No Século 17, temos outro importante marco para a história dos meios de pagamento: a criação do papel moeda. Embora já fossem utilizados “bilhetes de banco” desde o Século 14, foi então que um banco sueco emitiu as primeiras cédulas de dinheiro.
Atualmente, mesmo que esteja em declínio como meio de pagamento, sabemos da importância que o papel moeda possui na economia. No Brasil, por exemplo, o número de cédulas e o valor em circulação aumentou ao longo da última década.
Entre os motivos para essa forte presença, temos a desbancarização de uma importante parcela da população e também o ainda presente receio em se fazer transações eletrônicas. Porém, os pagamentos em dinheiro são cada vez mais restritos a pequenos valores e devemos, nos próximos anos, ver uma diminuição dessas transações com o acesso facilitado aos serviços financeiros.
Cheque
O cheque pode parecer coisa do passado, mas a verdade é que até poucos anos atrás era um forte meio de pagamento aqui no Brasil.
Ele começou a ser utilizado na Inglaterra por volta do século 17, como um documento assinado que se tornou instrumento de pagamento. Por aqui, seu surgimento oficial foi em 1893, quando foi citado na Constituição como forma de transação financeira.
Apesar de ainda serem aceitos em alguns estabelecimentos comerciais, podemos dizer que os cheques já são uma raridade. Tanto para o varejo, quanto para os consumidores, as transações por cartão de crédito e débito passaram a cumprir um papel de maior importância.
Cartão
Os cartões chegaram ao Brasil em 1956, porém foi apenas em 1971 que se desenvolveu a tecnologia da faixa magnética, tornando este um meio de pagamento eletrônico.
Para que os cartões magnéticos pudessem ser lidos, foram criados os terminais de pagamento eletrônico, que trouxeram transações mais seguras para os varejistas. Essa tecnologia, entretanto, se popularizou em nosso país apenas nas décadas de 1980 e 1990, com a chegada ao mercado das bandeiras de cartão.
A partir de então, vimos a crescente adesão de estabelecimentos e de consumidores aos pagamentos em crédito e débito. E os cartões também evoluíram com a tecnologia! Cartões com chip, maquininhas com acesso facilitado aos comerciantes, cobranças por celular e, recentemente, a tecnologia NFC (Near Field Communication), sobre a qual falaremos logo mais.
Transações eletrônicas
Quase que em paralelo aos cartões, na evolução dos meios de pagamento no Brasil, tivemos também a popularização das transações eletrônicas. O internet banking foi desenvolvido nos anos 1980 e avançou bastante nos últimos anos, especialmente em relação à segurança nas operações.
Vem mudando também o dispositivo na hora de fazer as transações por meio da internet: o mobile banking ganha cada vez mais força, especialmente com o avanço das fintechs e aplicativos que incluem meios de pagamento.
Segundo a Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária de 2019, o número de transações eletrônicas cresceu 300% de 2014 a 2018. Elas também já superam as operações financeiras realizadas em canais tradicionais, como agências bancárias e ATMs.
Pagamentos instantâneos
Os maiores avanços dos últimos anos, porém, estão nos pagamentos instantâneos. Eles ocorrem quando há transferência monetária eletrônica diretamente da conta de quem paga para quem recebe, sem um intermediário (como as bandeiras de cartão, por exemplo).
Falando em evolução dos meios de pagamento, os pagamentos instantâneos simplificam ainda mais a experiência de compra, reduzindo etapas para o consumidor e também garantem mais segurança para os dois lados da transação.
E, tratando em particular da evolução dos meios de pagamento no Brasil, podemos afirmar que o sistema de pagamentos instantâneos nacional é um enorme sucesso. O Pix foi lançado em novembro de 2020 e rapidamente se popularizou, tendo, inclusive, uma adesão que superou as expectativas do Banco Central e bateu recorde mundial.
Desde o seu lançamento, o sistema apresenta um crescimento mensal do número de usuários e transações realizadas. Quando completou um ano de existência, no final de 2021, ele já havia movimentado R$ 3,9 trilhões e contava com mais de 100 milhões de usuários.
Além disso, o Bacen tem lançado gradualmente diferentes funcionalidades relacionadas ao sistema de pagamentos instantâneos. O Pix Saque e o Pix Troco foram liberados para uso em novembro de 2021. Até julho de 2022, as duas modalidades movimentaram R$ 122,1 milhões.
Um dos próximos passos divulgados pela instituição será a implementação do Pix Internacional, que permitirá a realização de transferências internacionais em tempo real. O objetivo é tornar as transações mais rápidas, baratas, transparentes e acessíveis, o que representará um enorme avanço, uma vez que essas operações costumam ser demoradas e custosas.
Open Banking
Outro movimento importante atualmente associado aos meios de pagamento é o Open Banking. O modelo permite o desenvolvimento por terceiros de serviços adicionais aos oferecidos pelas instituições financeiras tradicionais. Isso é possibilitado pelo compartilhamento de APIs.
No Reino Unido, esse modelo está já bastante presente no mercado. E já que estamos tratando também da evolução dos meios de pagamento no Brasil, vale dizer que, em fevereiro de 2021, o Banco Central começou a implementação do sistema nacional de Open Finance, que está acontecendo em várias etapas.
Com ele, dados financeiros como hipotecas, poupanças, pensões, seguros e crédito ao consumidor – basicamente toda a sua jornada financeira – podem ser abertos para APIs de terceiros confiáveis, tudo com o consentimento do cliente.
Além disso, o modelo brasileiro, que é uma evolução do Open Banking, não inclui apenas bancos e, por isso, tem colocado o Brasil em posição de vanguarda nesse quesito. Por aqui, fintechs e outras instituições não bancárias já estão cadastradas para participar do sistema.
Esse modelo visa possibilitar não somente um fluxo de dados entre bancos e fintechs, mas também entre outros players que oferecem serviços financeiros — corretoras de seguro, varejistas, indústrias, companhias de câmbio, fundos de previdência, entre outros.
A característica mais ampla é importante para a inclusão financeira, pois esses players que já possuem um relacionamento mais próximo com seus públicos – como o varejo – poderão estreitar ainda mais esses laços oferecendo soluções mais competitivas.
QR Code
O QR é essencialmente um código de barras bidimensional que contém informações como detalhes de contato, um link de site ou informações de pagamento.
Dessa forma, podem ser usados para diversas finalidades. Os QR Codes podem direcionar os clientes para menus, fornecer acesso a sites e abrir imagens.
E o melhor é que esse tipo de código é totalmente acessível, afinal, todo smartphone moderno possui uma câmera que reconhece códigos QR. Assim que a câmera detecta o QR Code, uma notificação push é exibida levando-os a uma tela onde eles inserem seus dados de pagamento e concluem a compra.
Carteiras digitais
As carteiras digitais são ferramentas de pagamento online, geralmente na forma de um aplicativo. A carteira armazena com segurança versões virtuais de cartões de débito e crédito, para que você não precise inserir os detalhes do cartão ou carregar um cartão físico para fazer pagamentos.
Você também pode salvar ingressos digitais e e-vouchers lá, para ter sempre os documentos necessários à mão.
As “digital wallets” usam um software para vincular seus detalhes de pagamento de sua conta bancária conectada ao fornecedor com o qual a transação está sendo feita.
Diferentes aplicativos permitem diferentes tipos de acesso – carteiras abertas (aceitas na maioria dos varejistas) permitem compras online, pagamentos sem contato na loja e reembolso – e podem até permitir saques em caixas eletrônicos selecionados.
Criptomoedas e CBDCs
Outro passo na evolução dos meios de pagamento são as criptomoedas e as CBDCs (Central Bank Digital Currency, em português, Moeda Digital do Banco Central). As criptomoedas são moedas digitais que estão em grande crescimento no mercado e que possuem códigos que podem ser convertidos em valor real. Para que a informação seja decodificada apenas pelo seu usuário, é utilizada a criptografia.
Já o Blockchain é a tecnologia que permite a criação de uma corrente bloqueada de transações a fim de registrá-las e protegê-las de eventuais fraudes. Ele também está por trás das CBDCs, que são uma forma eletrônica de dinheiro do banco central com potencial amplo de uso por famílias e empresas para armazenar valor e fazer pagamentos.
Nesse caso, as moedas digitais são uma nova forma de representação da moeda já emitida pelas autoridades monetárias na forma de cédulas, porém em formato digital. Logo, diferentemente das criptomoedas, elas têm a figura de um emissor e são reguladas.
Mais de 60 países estão evoluindo seus projetos de CBDCs, entre eles, China, Bahamas, Chile e México. O Brasil também não fica para trás nessa pauta: o Real Digital faz parte do projeto de modernização do sistema financeiro do Banco Central e deve contribuir para a internacionalização da nossa economia, além de fortalecer ainda mais o Pix.
Portanto, em breve a CBDC brasileira representará mais um avanço na evolução dos meios de pagamento no Brasil. Por enquanto, contudo, ainda não existe um cronograma de implantação da moeda digital no país.
Evolução dos meios de pagamento no Brasil: quais serão os próximos passos?
Como podemos notar analisando a evolução dos meios de pagamento, os avanços se deram de forma muito acelerada nos últimos anos e os pagamentos digitais estão no epicentro da transformação do setor de serviços financeiros. Por isso, é preciso focar no futuro – ou seja, no desenvolvimento de tecnologias que facilitem cada vez mais as transações financeiras do dia a dia.
O Payments 2025 & beyond, um estudo realizado pela PwC Global, prevê um crescimento de 42% no volume global de pagamentos “cashless” (sem dinheiro em papel) nos próximos anos. Além disso, 86% dos participantes do levantamento concordam que os provedores de pagamentos tradicionais deverão colaborar com fintechs e provedores de tecnologia para ter acesso a fontes de inovação.
O fato é que, independentemente do segmento, os negócios precisam estar preparados para oferecer as opções de pagamento mais populares entre seus clientes. Isso, tendo em vista que as experiências de pagamento deverão se tornar mais simples, ágeis e personalizadas, mas também mais seguras.
Isso vai exatamente ao encontro da missão da Dock, que visa criar soluções financeiras que tornam os processos de pagamento e banking mais orgânicos. Combinando experiência e inovação, desenvolvemos tecnologias com o objetivo de redefinir o futuro das transações financeiras, trazendo mais fluidez e proteção a todos os participantes desse sistema.
E você, já está preparado para o que está por vir muito em breve com a evolução dos meios de pagamentos?