DeFi: o próximo passo é descentralizar as finanças

Publicado em 08 nov 2022.

Tempo de leitura 10 minutos de leitura

Já ouviu falar em DeFi? Essa é uma das tendências mais latentes do mercado financeiro e está chamando a atenção de diferentes perfis de players interessados nas possibilidades desse modelo. Para entender melhor sobre esse cenário, neste artigo explicamos o que é DeFi e como funcionam as finanças descentralizadas.

Não há dúvidas, o setor de pagamentos e banking vive um cenário de rápida transformação – e não é de hoje. Nas últimas duas décadas, vivenciamos a flexibilização do ambiente regulatório, o surgimento das criptomoedas, a rápida explosão dos bancos digitais e os avanços em pagamentos instantâneos e no Open Finance, apenas para citar algumas evoluções.

E, neste contexto, um dos temas que mais tem sido encarado como promessa de alavancar mais mudanças são as finanças descentralizadas, conhecidas pela sigla DeFi, que vamos explicar abaixo. Confira!

 

O que é DeFi?

 

imagem sobre finanças centralizadas, com ícones que representam dinheiro, pagamentos, bancos e cofres

imagem sobre finanças centralizadas, com ícones que representam dinheiro, pagamentos, bancos e cofres

imagem sobre finanças centralizadas, com ícones que representam dinheiro, pagamentos, bancos e cofres

DeFi é uma sigla em inglês para “decentralized finance”, que em português significa “finanças descentralizadas”.

E o que é DeFi? A noção de finanças descentralizadas é ampla, mas tem como base a intenção de remover da equação os bancos e outras instituições de pagamento que se colocam como intermediários em praticamente todas as trocas monetárias: transações financeiras tradicionais, empréstimos, negociação de crédito, financiamentos, investimentos, criação e gestão de poupança, contratação e quitação de dívidas, entre outros.

Nesse sentido, DeFi se coloca como uma alternativa a todo o ecossistema bancário tradicional, baseado no modelo CeFi (“centralized finance”, ou “finanças centralizadas”) e que obrigatoriamente conta com a presença de uma instituição financeira.

A ideia por trás de DeFi, então, é a de expandir aquilo que o Bitcoin começou lá atrás. Ou seja: não basta só ter moedas digitais. É necessário criar uma solução completamente digital, que faça frente aos bancos e ao mercado tradicional.

 

Como funcionam as finanças descentralizadas?

 

Agora que já definimos o que é DeFi, vale a pena olharmos um pouquinho para como exatamente esse modelo de finanças funciona. Então vamos lá:

O DeFi acontece dentro de redes descentralizadas de Blockchain e com a ajuda dos chamados “dapps”: apps projetados exclusivamente para a descentralização. Atualmente, as finanças descentralizadas estão ocorrendo sobretudo no Ethereum, que ainda é a rede mais completa em termos de soluções cripto.

Isso significa que todas as transações de DeFi são negociadas em criptoativos como tokens, NFTs, criptomoedas ou stablecoins.

Além de ser totalmente digital, o DeFi também prevê negociações sem intermediários tradicionais, como os bancos. Nesse sentido, todas as transações acontecerão diretamente entre as duas partes interessadas via contratos inteligentes (os chamados “smart contracts”, que são registrados diretamente no Blockchain).

DeFi em 4 palavras

 

O conceito de finanças descentralizadas também pode ser descrito em quatro palavras:

 

Ágil

 

Como as transações e negociações não precisam de um intermediário para acontecer, elas são mais ágeis e menos burocráticas. Além disso, o DeFi não prevê limites para as transações. Na prática, isso significa que é possível transferir a quantia que for (contanto que você tenha a quantia em questão), sem precisar da aprovação prévia de um banco.

 

Peer-to-peer

 

Tudo acontece nos “dapps”, então as transações não passam por um sistema bancário centralizado, se caracterizado como peer-to-peer.

 

Global

 

Por ser totalmente digital e acontecer via criptoativos, o DeFi permite transações entre pessoas de países diferentes sem maiores burocracias.

 

Acessível

 

Qualquer pessoa pode participar do mercado de finanças descentralizadas, mesmo sem ter uma conta em um banco; é necessário apenas ter uma carteira digital para cripto. Além disso, algumas iniciativas de DeFi estão trabalhando com a ideia de remover por completo a necessidade de identificação para as transações. Na prática, isso significa que você não precisaria sequer fornecer seu nome, e-mail ou outros dados pessoais, garantindo segurança e anonimato.

 

Isso tudo indica que o DeFi tem potencial de sobra para construir um mercado financeiro mais acessível, menos centralizado e mais justo, até porque permitiria a participação de pessoas desbancarizadas. Assim, com as finanças descentralizadas, talvez seja possível mudar ainda mais o cenário da bancarização na América Latina e em outras regiões.

 

Quais são as principais aplicações de DeFi?

 

Se a ideia de o que é DeFi ainda está meio vaga, pode ser uma boa ideia avaliar os tipos de aplicações que podem ser feitas dentro desse universo de finanças. A seguir, listamos as 6 principais:

  1. Stablecoins: uma solução para quem quer investir com um pouco mais de segurança dentro do cripto, as stablecoins são moedas digitais com valores atrelados a moedas tradicionais, como o dólar ou o euro. Elas podem ser compradas, vendidas e negociadas  diretamente dentro do DeFi.
  2. Contratação de seguros: o nicho de seguros também pode ser particularmente rentável, especialmente se você puder oferecer serviços abrangentes e soluções inteligentes – o que deve ter ainda mais impulso em países nos quais há projetos de Open Insurance.
  3. Fundos de investimento: é possível investir em fundos diversos e com criptoativos variados, aumentando a rentabilidade da sua carteira digital.
  4. Soluções de empréstimo: assim como o nicho de seguros, os empréstimos também podem se mostrar um espaço particularmente rentável dentro das finanças descentralizadas — até porque as taxas e juros provavelmente serão bem menores do que aquelas cobradas em bancos tradicionais.
  5. Crowdfunding para projetos: pela própria natureza colaborativa e comunitária do DeFi, ele pode ser o lugar ideal para atrair novos investidores em um projeto de crowdfunding.
  6. Exchanges descentralizadas (DEX): possivelmente a aplicação com maior potencial dentro do DeFi, as exchanges são corretoras digitais controladas por algoritmos. Nelas, os usuários podem negociar criptoativos diretamente entre si, sem a necessidade de intermediários tradicionais como os bancos.

 

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Ainda há o que evoluir: dúvidas sobre o DeFi

 

A promessa das finanças descentralizadas traz muitas vantagens e muitos benefícios, sobretudo para pessoas que ainda hoje encontram barreiras para participar ativamente do mercado de pagamentos e banking.

Contudo, há muitas incertezas e desafios pelo caminho, até porque a segurança em criptomoedas é um tema que precisa ser discutido a fundo: as chances de fraude, por exemplo, ainda são significativas, pois o cenário todo é novo e complexo para quem não entende com mais profundidade sobre cripto.

Além disso, por ser um mercado descentralizado e sem intermediários, não há um órgão regulador que possa analisar casos de fraude para punir os suspeitos e compensar aqueles que foram lesados.

Uma outra dúvida que permanece, sobretudo para os brasileiros e brasileiras interessados em saber o que é DeFi e como participar dessa tendência, é o imposto de renda: como declarar os ganhos em cripto, já que a natureza descentralizada do DeFi não emite declarações de rendimento?

Ou seja, enquanto a tecnologia evolui e novos projetos em DeFi avançam, há pontos a serem consolidados, discutidos e ajustados para a democratização de sua utilização.

 

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DeFi e o mercado de pagamentos e banking: o que vem por aí?

 

Se as finanças descentralizadas eliminam a necessidade de bancos e outros intermediários, é possível projetar algum tipo de integração entre o DeFi e o mercado de banking?

Na verdade, sim! Soluções já em curso como o Crypto as a Service e projetos como o Real Digital podem ser a porta de entrada para players interessados em ofertar soluções em banking de criptoativos com um pé no Blockchain.

Além disso, vale lembrar que o DeFi ainda é um ambiente de alta volatilidade e bastante imprevisível; por isso mesmo, a presença de players que ofereçam ativos de maior segurança tem potencial para trazer mais usuários para o DeFi.

Aqui na Dock, inclusive, estamos acompanhando de perto todos esses movimentos para que nossa plataforma possa acompanhar as principais transformações do mercado.

 

Veja também: webinar sobre o que é DeFi

 

Ainda ficou com algumas dúvidas sobre o que é DeFi como esse modelo funciona?

Confira o vídeo abaixo, em que o Paulo Aragão, Field CTO da AWS, explica as finanças descentralizadas em mínimos detalhes durante nossa agenda no FEBRABAN Tech 2022:

 

Resumo: finanças descentralizadas

 

  • DeFi é uma sigla em inglês para “decentralized finance”, ou “finanças descentralizadas”: um projeto que remove os intermediários de quase todos os tipos de transações financeiras. Na prática, isso significa eliminar os bancos e outras instituições, facilitando a troca direta entre as duas partes interessadas e criando uma solução 100% digital.
  • O DeFi acontece dentro de redes descentralizadas de blockchain e com a ajuda dos chamados “dapps”: apps projetados exclusivamente para a descentralização.
  • Todas as transações de DeFi são negociadas em criptoativos como tokens, NFTs, criptomoedas ou stablecoins.
  • As finanças descentralizadas prometem agilidade e acessibilidade: qualquer pessoa pode participar do mercado DeFi, mesmo sem ter uma conta em um banco. Basta ter uma carteira digital para cripto.
  • Soluções como o Crypto as a Service podem ser a porta de entrada para players interessados em ofertar soluções em banking de criptoativos.
  • O DeFi ainda é bastante novo e gera muitas incertezas. Além disso, a volatilidade das criptomoedas também traz insegurança para investidores.

 

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