Embedded Finance: por que as finanças embutidas são motor para a inclusão financeira?

Publicado em 21 jun 2023.

Tempo de leitura 6 minutos de leitura

O fenômeno do Embedded Finance, ou finanças embutidas ou embarcadas, é tema atual e recorrente no mercado financeiro. Esse movimento, que consiste basicamente em transformar qualquer negócio em banco, avança a passos largos.

Na América Latina, o mercado de Embedded Finance apresenta perspectivas promissoras. Segundo o Research and Markets, a receita desse setor deve apresentar crescimento anual de 27% até 2029, chegando a US$ 13,7 bilhões no final desse período.

Diante das projeções, não surpreende que empresas dos mais variados tamanhos e setores, do varejo à indústria, estejam considerando cada vez mais as finanças embutidas como estratégia de atuação.

É claro que o Embedded Finance traz vantagens para o negócio, como veremos a seguir. Mas também é inegável o seu potencial de acelerar a inclusão financeira, tornando os serviços e produtos financeiros mais personalizados, acessíveis e inclusivos.

 

Mas afinal, o que é Embedded Finance?

 

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Se pararmos para lembrar, até bem pouco tempo atrás, o mercado financeiro era bastante fechado em relação às instituições que nele podiam atuar. Apesar de no Brasil termos um longo e sólido histórico de operações financeiras no varejo, elas ainda ficavam muito restritas a produtos de crediário.

A partir da evolução da regulação e da tecnologia e, principalmente, do surgimento de provedores de plataformas de Banking as a Service, foi possível que empresas de fora do setor passassem a fazer parte do jogo, ofertando soluções financeiras aos seus clientes e usuários.

Ou seja, o Embedded Finance se refere justamente a esse cenário onde qualquer negócio tem a possibilidade de adicionar produtos e serviços financeiros ao seu portfólio, sem deixar de lado seu core business.

Uma varejista de moda pode, por exemplo, agregar novos produtos financeiros àquilo que o seu negócio já entrega aos seus clientes, como carteira digital, conta-corrente, cartões de débito e crédito.

As vantagens de “embeddar” esses serviços ao ecossistema? A fidelização de clientes e o aumento do ticket médio são algumas delas, além de:

  • Criação de uma nova linha de receita para o negócio;
  • Fortalecimento do relacionamento com seus públicos (como clientes, fornecedores, funcionários) por meio de soluções financeiras personalizadas e com melhores taxas;
  • Incentivo para uso de recursos financeiros dentro da própria cadeia da empresa;
  • Simplificação de processos de pagamento e recebimento.

 

Embedded Finance: pagamentos e muito mais

 

Muito além dos serviços financeiros tradicionais, as finanças embutidas abrem o leque para uma série de oportunidades que podem ser exploradas por empresas dos mais variados setores. Listo aqui alguns desses desdobramentos:

  • Embedded Lending:consiste em integrar a funcionalidade de empréstimo dentro de uma experiência em curso, eliminando a necessidade do usuário buscar uma fonte externa de financiamento. Em uma plataforma de comércio eletrônico, por exemplo, os usuários podem financiar suas compras diretamente no site.
  • Embedded Payments:compreende a integração de funcionalidades de pagamento diretamente em plataformas, produtos ou serviços, eliminando a necessidade de redirecionamento para um sistema de pagamento externo. É o que acontece nos aplicativos de transporte, onde o usuário realiza o pagamento diretamente no app.
  • Embedded Investments: a integração de investimentos em plataformas não financeiras torna o processo mais acessível, conveniente e integrado à experiência do usuário, permitindo o gerenciamento de finanças e investimentos sem precisar sair da interface que já está sendo utilizada.
  • Embedded Banking:é a incorporação de funcionalidades bancárias em uma experiência existente, permitindo que os usuários utilizem serviços e produtos financeiros sem a necessidade de acessar um banco tradicional separado.
  • Embedded Insurance: esta é uma tendência que ganha destaque à medida que mais empresas buscam oferecer serviços de seguros integrados para melhorar a experiência do cliente. É possível abranger diferentes áreas, como seguro viagem, seguro de saúde, seguro de automóveis, seguro residencial, entre outros.

 

Embedded Finance e inclusão financeira

 

Uma vez que o Embedded Finance abre a possibilidade de qualquer empresa atuar como um banco, temos aí um grande acelerador da inclusão financeira.

O raciocínio é simples: quando estabelecimentos de confiança do consumidor, como supermercados ou lojas de departamento, começam a fornecer serviços financeiros, é mais provável que os clientes desbancarizados ingressem no sistema. Afinal, já existe um relacionamento pré-estabelecido, muitas vezes de longa data.

Além de possuírem uma forte conexão com os usuários, essas empresas também têm acesso a uma quantidade considerável de dados sobre eles, o que possibilita a oferta de serviços personalizados, inclusive integrados a outros produtos.

Dessa forma, quando esses negócios começam a ofertar serviços financeiros a seus públicos já engajados, há um grande potencial para superar diversos desafios relacionados à bancarização, como a construção de confiança e a conveniência.

 

Na prática: quem pode participar?

 

O fato de empresas oferecem serviços financeiros está longe de ser algo inédito. No Brasil, por exemplo, redes varejistas como C&A e Renner já trabalham com o conceito de finanças embutidas há muito tempo.

A novidade é perceber o Embedded Finance em constante expansão. Atualmente, existe uma ampla gama de soluções financeiras que podem ser desenvolvidas, assim como são diversos os segmentos empresariais com potencial para ofertá-las.

Há casos interessantes na indústria, como Natura e Ambev, assim como nas áreas de transporte e tecnologia. Como alguém que fez parte por muitos anos do setor de telecom, fico feliz em ver como essa área também está se conectando ao universo das finanças para oferecer produtos financeiros incorporados aos seus serviços.

Em resumo, é empolgante ver como o Embedded Finance pode contribuir para a criação de um ecossistema no qual empresas de diferentes setores desempenham um papel fundamental na aceleração da inclusão financeira, impulsionando a transformação econômica e social.

E você, como tem percebido o fenômeno do Embedded Finance?

 

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Rodrigo Shimizu
Chief Revenue Officer | Dock

Rodrigo Shimizu é CRO da Dock, responsável pelas áreas de negócios da empresa. Com foco na gestão dos times de marketing e vendas, direciona ofertas, produtos e estratégias de go-to-market e comercial da companhia. Tem mais de 23 anos de experiência em gestão de marketing, desenvolvimento de negócios e consultoria estratégica nos segmentos de telecomunicações, tecnologia da informação e serviços financeiros. É especialista em transformação de negócios, aceleração comercial e rentabilização de operações.

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