Fintechs em busca de novas linhas de receita: onde estão as oportunidades?

Publicado em 19 dez 2023.

Tempo de leitura 6 minutos de leitura

No cenário em constante evolução do mercado financeiro, as fintechs enfrentam hoje um desafio crucial: reavaliar e ajustar meticulosamente suas estratégias em busca de rentabilidade e novas fontes de receita.

Esse movimento vem ganhando ainda mais força no panorama brasileiro, tendo em vista as recentes alterações promovidas pelo Banco Central. Com a imposição de limites nas taxas de interchange e ajustes nos prazos de liquidação, emissores de cartões e de contas digitais se viram obrigados a reavaliar seus mecanismos de geração de receita.19

Além disso, a queda substancial nos investimentos de venture capital acentua ainda mais a pressão sobre essas empresas.

 

Como se destacar em meio a um cenário cada vez mais competitivo?

 

No dinâmico universo das fintechs, a capacidade de lançar produtos inovadores que gerem mais valor, bem como a de acelerar o time-to-market, é mais do que uma vantagem competitiva: tornou-se essencial para se destacar no cenário atual.

 

1) Inovação para conquistar (e fidelizar) clientes

Quando a limitação de recursos é um desafio, fica clara a necessidade da busca por inovação no lançamento de produtos e serviços financeiros. Ao apostar em produtos inovadores, as fintechs demonstram uma visão proativa e a capacidade de liderar o mercado com soluções que verdadeiramente fazem a diferença.

Assim, é necessário não apenas atender, mas antecipar as demandas dos clientes, criando soluções que agregam um valor tangível às suas vidas financeiras.

Nesse cenário, é fundamental que se tenha uma proposta de valor clara para o cliente. Não adianta mais ter uma conta digital ou a emissão de um cartão por si só, a definição do diferencial para o usuário é crucial. Para exemplificar, temos o case de uma indústria de cosméticos que conecta serviços financeiros para suas revendedoras. Dessa forma, a revendedora pode fazer pedido dos produtos, com crédito personalizado e desconto, além de receber de consumidores através de link de pagamentos com pix ou boleto.

 

2) Time-to-market ágil para sair na frente

A agilidade no time-to-market é um fator essencial em um ambiente competitivo, pois representa a oportunidade de conquistar os usuários antes da concorrência. Caso contrário, uma fintech pode investir recursos significativos em uma solução que já nasce desatualizada.

Desenvolver e evoluir soluções financeiras inteiramente “dentro de casa”, por exemplo, já não é uma estratégia viável em um mercado tão dinâmico.

Por outro lado, a utilização de APIs no sistema financeiro possibilita que fintechs, bancos e outras instituições aprimorem a experiência do usuário, automatizem processos e reduzam erros de maneira ágil e escalável, aproveitando funcionalidades que já foram devidamente testadas e validadas.

Essas plataformas permitem que as empresas foquem mais na estratégia de negócios e menos na operacionalização do desenvolvimento de novas tecnologias, uma vez que elas podem ser facilmente “plugadas” em suas soluções através de provedores de tecnologia especializados.

 

Afinal, onde estão as oportunidades?

 

Não há dúvidas de que existe um amplo campo de oportunidades para inovar no mercado financeiro e gerar novas fontes de receita. E mesmo com as novas regulações do Banco Central, ainda há espaço para a oferta de cartão se destacar como uma opção atrativa. Aqui aponto três caminhos nesse sentido:

 

1) Cartão de Crédito Colaterizado

O Cartão de Crédito Colaterizado, também chamado de crédito com garantia do portador, consiste em uma nova oferta de cartão de crédito pós-pago, sem risco de inadimplência para a empresa.

Isso acontece porque o Cartão de Crédito Colaterizado possibilita que seus portadores que tenham investimentos em conta remunerada utilizem o saldo investido como limite no cartão de crédito. Ou seja, o valor depositado nesta conta será o mesmo valor de limite disponível no cartão.

Para o cliente final, o cartão com limite atrelado a investimentos resolve duas dores: libera o crédito de forma menos burocrática, enquanto o saldo investido continua rendendo com taxas de juros atrativas ,além de funcionar como instrumento de educação financeira, uma vez que diminui as chances de endividamento com o cartão.

 

2) Cartão Multibenefício

As novas regras do PAT (Programa de Alimentação do Trabalhador) entraram em vigor neste ano e promoveram a abertura do segmento de vale-refeição e vale-alimentação no Brasil. Entre as mudanças mais significativas, temos a entrada do modelo de arranjo aberto, o que representa mais oportunidades para empresas e fintechs que atuam no setor de benefícios corporativos.

Só para termos uma ideia das possibilidades, o PAT conta com cerca de 300 mil empresas e 23 milhões de trabalhadores cadastrados, formando um mercado anual estimado em R$ 150 bilhões, segundo estimativas da própria indústria.

Na prática, com a inclusão do arranjo aberto no PAT, qualquer empresa pode oferecer a seus colaboradores ou abrir para o mercado o seu cartão de benefícios próprio.

Assim, é possível obter receitas adicionais através de repasse da taxa de intercâmbio mensal, rendimento sobre o saldo que fica na conta do colaborador e rendimento da garantia da bandeira do cartão. Além, é claro, da possibilidade de expandir o portfólio para o oferecimento de cartão multibenefícios a outras empresas do mercado.

 

3) Serviços adicionais

Rentabilizar a conta digital e a emissão de cartões não é uma opção, é uma necessidade. Assim, conectar com outros serviços como marketplace de vouchers, pagamento de contas, seguros e markeplace de criptomoedas, podem ser alternativas interessantes para o negócio. E, por fim, adicionar serviços de fidelidade como cashback pode impulsionar o ecossistema da fintech.

Essas possibilidades não apenas beneficiam as próprias fintechs, mas também têm o potencial de impactar positivamente a vida financeira do usuário final e promover a aceleração da inclusão financeira.

Em resumo, ao buscar inovação e agilidade no lançamento de soluções, as fintechs encontram lugar para prosperar em um ambiente desafiador, contribuindo de maneira significativa para o desenvolvimento e aprimoramento do ecossistema financeiro como um todo.

 

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Rodrigo Shimizu
Chief Revenue Officer | Dock

Rodrigo Shimizu é CRO da Dock, responsável pelas áreas de negócios da empresa. Com foco na gestão dos times de marketing e vendas, direciona ofertas, produtos e estratégias de go-to-market e comercial da companhia. Tem mais de 23 anos de experiência em gestão de marketing, desenvolvimento de negócios e consultoria estratégica nos segmentos de telecomunicações, tecnologia da informação e serviços financeiros. É especialista em transformação de negócios, aceleração comercial e rentabilização de operações.

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