A evolução tecnológica e as mudanças nas expectativas dos consumidores estão transformando a indústria bancária brasileira, gerando desafios e oportunidades. Para entender os impactos desse movimento, o primeiro volume da Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária 2025 mapeou as principais tendências e os investimentos do setor em tecnologia. Na segunda etapa, divulgada durante o Febraban Tech 2025, o relatório se debruçou sobre as transações bancárias e o comportamento do consumidor, passando por fenômenos que estão moldando o novo usuário de serviços financeiros.
Em sua 34ª edição, a pesquisa destaca um avanço que se consolida como um dos principais vetores de inovação no setor: a crescente aplicação da Inteligência Artificial (IA) e da Inteligência Artificial Generativa (GenAI) nos negócios e operações.
Antes considerada apenas uma tendência futura, a Inteligência Artificial já influencia de forma concreta alguns âmbitos estratégicos do setor bancário. Nesse contexto, uma coisa é certa: as instituições financeiras que conseguirem se adaptar rapidamente a essa nova realidade terão uma vantagem competitiva significativa no mercado.
Outro ponto relevante do levantamento divulgado em 2025 foi o aumento da utilização dos canais digitais para a realização de transações bancárias – especialmente do celular, que já representa 75% das operações dos brasileiros.
Os principais destaques do estudo foram debatidos durante o Febraban Tech 2025 em um painel que aconteceu no último dia do evento, 12 de junho, no auditório principal.
Neste artigo, tratamos sobre as principais conclusões da Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária 2025, enfatizando como bancos, fintechs e demais empresas do setor estão inovando nesse universo em constante evolução e como estão se comportando os usuários dessa indústria.
Tendências e prioridades de investimentos apontados pela Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária 2025
O primeiro volume da Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária 2025 apontou que os investimentos do setor financeiro em tecnologia seguem robustos: neste ano, o orçamento total dos bancos brasileiros deve crescer novamente em dois dígitos, alcançando R$ 47,8 bilhões, o que representa um acréscimo de 13% em relação ao período anterior.
Esse aumento é resultado de estratégias voltadas à construção de uma base tecnológica forte, capaz de ampliar o uso da IA. Estima-se um crescimento de 61% nos investimentos em IA, analytics e big data, e de 59% em migração para a nuvem.
Durante o painel sobre a pesquisa no Febraban Tech, Rodrigo Mulinari, Diretor de Tecnologia do Banco do Brasil, ressaltou o nível de maturidade maior do uso de IA pelo setor bancário. Sergio Biagini, Sócio Líder da Indústria de Serviços Financeiros da Deloitte Brasil, acrescentou que é perceptível uma mudança de mindset: “Estamos adotando novas tecnologias, mas como? Entendemos, como indústria, que é necessário fazer de forma ágil e com qualidade para atender melhor o cliente final”, afirmou.
O fato é que essa integração tecnológica vem trazendo mais eficiência, inovação constante e experiências aprimoradas para os clientes. A seguir, detalhamos alguns dos movimentos que mais têm se destacado nesse sentido.
Diferenciação através da inovação e experiência do cliente
A vantagem competitiva dos bancos segue fortemente associada ao uso de tecnologias inovadoras e à forma como atendem seus clientes.
A personalização de produtos e serviços está se tornando cada vez mais sofisticada, impulsionada por dados do Open Finance (79%), pela customização direta pelo cliente (64%) e pelo uso de análises preditivas com IA para ofertas mais assertivas (64%).
Nesse cenário, a Inteligência Artificial e a GenAI ganham destaque: 88% das instituições já investigam suas possibilidades para inovar, enquanto 94% utilizam essas soluções para melhorar a experiência do cliente.
Eficiência bancária e personalização com IA
Com o avanço da IA e da GenAI, os bancos vêm alcançando melhorias operacionais significativas: em média, um ganho de 11,4% em eficiência, sendo que quase 40% das instituições relatam avanços superiores a 20%.
A GenAI, em particular, tem se destacado ao transformar a personalização dos serviços, abrindo espaço para a revisão de modelos de negócio e impulsionando a inovação na experiência do cliente e no próprio setor financeiro.
Sinergia entre IA e cloud na transformação digital
A migração para a nuvem tem sido peça-chave na evolução tecnológica do setor bancário, viabilizando a adoção de soluções inovadoras. Bancos que já possuem um uso mais avançado de IA costumam estar mais adiantados na transição de suas operações para ambientes em cloud, mostrando como essas tecnologias se complementam.
Combinadas, IA e nuvem impulsionam a transformação digital, oferecendo mais escalabilidade, flexibilidade no uso de dados, menor dependência de sistemas antigos e maior conectividade entre plataformas.
“A nuvem é o que possibilita o uso da IA, por isso 89% dos bancos vão aumentar os investimentos em cloud, 11% vão manter e nenhum vai reduzir. Mais uma vez vemos o setor bancário sendo pioneiro na adoção de novas tecnologias no Brasil“, destacou Mulinari durante o painel sobre a pesquisa.
Reequilibrando tecnologia e talento humano
O aporte de R$ 1,4 bilhão voltado à melhoria da experiência dos colaboradores, e o crescimento previsto de 15% nos times de TI (que devem atingir 57,5 mil profissionais neste ano), demonstram o esforço dos bancos em fortalecer seu ecossistema por meio de investimentos internos.
Esse movimento busca atrair talentos qualificados e promover capacitação contínua. Afinal, com o avanço da IA, será fundamental preparar os profissionais para que o setor bancário mantenha o equilíbrio entre inovação tecnológica e capital humano, garantindo entregas cada vez mais estratégicas.
Resiliência e automação na proteção de dados
Com o crescimento das ameaças digitais, torna-se essencial adotar soluções que integrem Inteligência Artificial, automação e estratégias de resiliência para garantir a segurança de dados e transações.
Não à toa, os bancos têm investido em aplicações de IA voltadas à cibersegurança: 70% focam na defesa de sistemas e informações contra ataques, enquanto 80% utilizam essas tecnologias para identificar fraudes e atividades de lavagem de dinheiro.
Para fortalecer a segurança de forma mais integrada, a combinação de tecnologias e a atuação de equipes especializadas em analytics são fundamentais para a eficácia dessas estratégias preventivas.
Investimentos estratégicos em tecnologia e inovação
Seguindo as principais direções estratégicas do setor bancário, os investimentos em Inteligência Artificial cresceram, como vimos, 61% em relação ao ano passado, impulsionados também pelo avanço na adoção da nuvem como base tecnológica escalável.
Entre os projetos regulatórios, o Pix continua em expansão, com 48% de participação no orçamento total de tecnologia, enquanto o Open Finance teve um salto de 65%, reforçando seu amadurecimento.
Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária 2025 detalha cenário das transações bancárias no país
O segundo volume da Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária 2025 explora as transações bancárias, as movimentações do Pix, o Open Finance, o mercado de seguros e as interações do consumidor.
Divulgada no segundo dia do Febraban Tech 2025, essa parte do estudo trouxe como destaque o fato de que 82% das transações bancárias dos brasileiros são feitas pelos canais digitais, ou seja, pelo celular e internet banking.
Confira, a seguir, a coletiva na qual foram divulgados os principais insights desse volume da pesquisa:
Experiência digital se consolida
Nos últimos cinco anos, os canais digitais ampliaram significativamente sua participação nas transações com movimentação financeira, superando os canais físicos em 25 pontos percentuais. Esse avanço reflete a confiança crescente dos clientes, impulsionada por investimentos dos bancos em agilidade, segurança e personalização no ambiente digital.
Mobile banking lidera revolução digital
A indústria bancária brasileira ultrapassou, no último ano, a marca de 200 bilhões de transações, resultado fortemente influenciado pela adoção crescente do mobile banking. Com um aumento de 15% no uso dessa modalidade, o celular se consolidou como o principal canal de movimentação financeira, concentrando 75% das operações realizadas.
Entre os clientes pessoa física, mais de 90% das transações já ocorrem por meio de plataformas móveis. Esse comportamento reforça a preferência por experiências digitais e está em sintonia com a estratégia dos bancos de ampliar a oferta de serviços e personalizar o atendimento nos canais digitais.
“Desde a pandemia, o uso do mobile triplicou, ou seja, quem passou a usar não voltou atrás, pelo contrário. E mais: com a Inteligência Artificial Generativa, a tendência é esse número aumentar ainda mais”, comentou Cíntia Scovine Barcelos de Souza, CTO e diretora-executiva de Tecnologia do Bradesco, durante o painel sobre a pesquisa.
Instituições financeiras têm oportunidade de ampliar serviços móveis
Com 78% dos clientes classificados como “heavy users”, o mobile banking se firmou como o principal canal de relacionamento financeiro. O aumento de 16% nesse grupo mostra que os usuários confiam cada vez mais nas plataformas móveis.
Apesar desse avanço, funcionalidades além das operações básicas, como serviços integrados a marketplaces, ainda são pouco exploradas. Isso indica uma oportunidade para instituições ampliarem o engajamento, oferecendo experiências digitais mais completas e personalizadas.
Transformação digital alcança o cliente PJ
Embora 79% das transações de pessoas jurídicas ainda ocorram no internet banking, o canal mobile já lidera em volume total de operações financeiras e não financeiras. Isso indica uma mudança no perfil do cliente empresarial, que busca cada vez mais agilidade e soluções estratégicas nos canais digitais.
Pix lidera crescimento em transações via POS
O Pix segue em forte crescimento, com o número de heavy users aumentando 38% e ultrapassando 65 milhões de usuários, especialmente entre pessoas físicas, que cresceram 40%.
Nas transações via POS (que compreende as maquininhas de cartão), o Pix foi o método que mais cresceu, alcançando 69%, superando formas de pagamento tradicionais . Esse avanço confirma sua ampla aceitação e posição consolidada no mercado brasileiro.
Open Finance impulsiona concentração de dados em bancos mais completos
O crescimento dos consentimentos para compartilhamento de dados, em comparação com os para recebimento no Open Finance, indica que os clientes estão optando por centralizar suas informações financeiras em bancos que proporcionam uma experiência mais completa e recursos avançados.
Esse movimento acompanha o aumento de 12% no número de bancos que oferecem agregadores financeiros, atingindo metade das instituições do setor.
Seguro digital avança e impulsiona o bancassurance
O mercado de seguros registrou mais de 78,6 milhões de novos contratos, apresentando um crescimento de 14%. Nesse contexto, o canal mobile destacou-se com um avanço de 64%, tornando-se o segundo mais usado, atrás apenas das agências físicas.
Com cerca de 70% dos bancos disponibilizando seguros por meios digitais, cresce a oportunidade de fortalecer o bancassurance por meio de canais digitais que oferecem experiências mais personalizadas, práticas e integradas.
Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária 2025: o que você viu neste artigo
- Os bancos seguem ampliando investimentos tecnológicos para acompanhar a evolução digital, com foco em inovação, eficiência e melhor experiência do cliente.
- A Inteligência Artificial, incluindo a geração de conteúdo pela GenAI, já está integrada em operações e produtos, transformando a personalização e modelos de negócio.
- A nuvem é fundamental para acelerar a transformação digital, possibilitando maior flexibilidade, conectividade entre sistemas e uso otimizado de dados.
- O mobile banking se firmou como o principal canal de relacionamento, com usuários cada vez mais engajados, mas ainda há potencial para explorar funcionalidades avançadas além das transações básicas.
- O Open Finance incentiva os clientes a concentrarem seus dados em bancos que oferecem serviços mais completos, promovendo a integração e agregação de informações financeiras.
- O mercado de seguros digitais cresce, reforçando o potencial do bancassurance para oferecer produtos integrados, convenientes e personalizados via canais digitais.
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