Pix no varejo: como o Sistema de Pagamentos Instantâneos do BC impacta o setor
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O Pix, novo Sistema de Pagamentos Instantâneos do Banco Central (BC) brasileiro foi lançado no dia 16 de novembro de 2020 e está mudando a dinâmica das transações entre pessoas, estabelecimentos comerciais e instituições governamentais, que agora podem ser muito mais rápidas e simples. Mas qual está sendo o impacto do Pix no varejo?
Segundo o BC, o sistema foi desenhado para tornar o setor varejista mais eficiente e competitivo, melhorando os métodos de digitalização e simplificando os processos de pagamento. Assim, o Pix representa uma série de oportunidades para o crescimento do varejo físico e do comércio eletrônico e 2020 certamente ficará como um marco na evolução do mercado financeiro do país.
A possibilidade de transferir dinheiro de uma instituição – ou pessoa física – para outra, de forma instantânea, 24h por dia, a qualquer dia da semana, representa uma grande inovação para o varejo, garantindo agilidade no processamento de pedidos ou serviços e redução de custos e taxas para os usuários.
Com isso, o objetivo do Pix também é gerar maior inclusão financeira, atraindo novos clientes e rompendo as barreiras entre quem compra e quem vende. Neste artigo, explicamos sobre as principais facilidades e soluções que o sistema traz, como funciona a adesão dos varejistas e de que forma o Pix no varejo impacta o setor.
Sucesso de adesão e transações entre PF
Desde o seu lançamento e ao longo de 2021, o Pix se mostrou um grande sucesso e, em apenas dois meses superou as transações por TED e DOC e vem, regularmente, batendo recordes no volume de transações diárias – que já ultrapassou 44 milhões.
Além disso, de acordo com as estatísticas do PIX divulgadas pelo BC, em setembro de 2021, o Pix ultrapassou a marca de 100 milhões de usuários Pessoa Física cadastrados. O número de usuários Pessoa Jurídica ainda é bem menor: pouco mais de 7 milhões.
Sendo assim, a grande maioria das transações liquidadas mensalmente ainda é realizada entre pessoas. Contudo, observando o gráfico que mostra a natureza das transações, já se percebe um aumento gradual e consistente dos Pix realizados de pessoas para empresas.
Aumento gradual do uso do Pix no varejo
Se no primeiro mês de funcionamento, as transações P2P representavam 87% do total e as P2B apenas 5%, em setembro de 2021, essa comparação mudou para 74% de P2P e 15% de P2B – ou seja as transações de pessoa física para empresas triplicaram.
Por ora, o crescimento do uso do sistema de pagamentos instantâneos no varejo está sendo impulsionado pelos microempreendedores e pequenos comerciantes, que podem oferecer a sua própria chave Pix para pagamento, e pelo comércio eletrônico. Segundo um levantamento feito pela Loja Integrada, uma plataforma de criação de lojas virtuais, 38% dos pequenos e médios lojistas virtuais estão utilizando o Pix.
Com a implementação da 3ª fase do Open Banking, que começou no dia 29 de outubro de 2021, a tendência é que esse número aumente cada vez mais. Isso porque essa etapa permitirá o compartilhamento de informações para os serviços de transações de pagamento, o que irá facilitar o uso do Pix em compras online, não sendo mais necessário a leitura do QR Code ou recadastramento de dados para finalizar a transação.
Novidades devem impulsionar ainda mais o Pix no varejo
Em lojas físicas, o recebimento via Pix, atualmente, pode ser feito de duas formas: por meio de um QR code compartilhado com o pagador ou informando ao cliente uma chave Pix. As transações geram comprovante e caem na conta da empresa em tempo real.
Além disso, outras duas novidades que estão prestes a chegar prometem impulsionar ainda mais o Pix no Varejo. O Pix Saque e o Pix Troco serão implementados a partir do dia 29 de novembro, segundo o Banco Central, com o objetivo de trazer benefícios para toda a sociedade – cidadãos, pequenos lojistas e estabelecimentos comerciais como um todo.
Os serviços oferecem mais alternativas de acesso ao dinheiro físico às pessoas, que poderão sacar em diferentes locais e não apenas em caixas eletrônicos sem pagar nada pelo serviço. Por outro lado, padarias, redes de departamento, supermercados e outras lojas físicas poderão disponibilizar o serviço e receber pelas operações.
A tarifa que será recebida pode variar de R$ 0,25 a R$ 0,95 por transação, a depender da negociação com a sua instituição de relacionamento. O BC afirma ainda que a oferta do serviço diminui os custos dos estabelecimentos com gestão de numerário, como aqueles relacionados à segurança e aos depósitos.
Pix no varejo: como aderir?
No webinar sobre o Pix como solução de pagamento para o varejo, o BC explicou em quatro passos o que o varejista precisa fazer para aceitar o Pix no seu estabelecimento físico e eletrônico.
O processo de aceitação do Pix no varejo passaria basicamente pelas seguintes etapas:
- Pesquisar condições do serviço junto aos participantes;
- Escolher o PSP (prestador de serviço de pagamento);
- Realizar integração com sistemas de automação;
- Incentivar o recebimento com Pix.
O fluxo de recebimento via sistema de pagamentos instantâneos funciona de modo muito simples:
➡ Instalação de habilitação do Pix no smartphone ➡ Criação do QR Code no valor do produto que está sendo vendido ➡ Envio do código para o Pix ➡ Conclusão da compra.
10 características do Pix no varejo
O uso do Pix facilita e torna mais barata a transferência de valores entre pessoas, o pagamento de contas e até o recolhimento de impostos e taxas de serviços. Para o varejo, isso significa a melhoria de outro fator crucial para o crescimento dos negócios: a retenção de clientes.
Uma pesquisa realizada pelo Ipec e C6 Bank apontou que 67% dos brasileiros querem usar o Pix no varejo. O desejo de adotar esse meio de pagamento é ainda superior entre a faixa mais jovem da população.
Assim, a longo prazo, a previsão é que o Pix se torne um motor de crescimento para o setor. Isso porque o varejo eletrônico se torna ainda mais otimizado, com logística simplificada e redução nos prazos de entrega devido à rápida confirmação de pagamento.
Já no varejo físico, o Pix beneficia todas as redes que trabalham com crediário, uma vez que clientes que hoje utilizam apenas cartão de crédito, têm mais facilidade em aceitar o novo canal de pagamento da loja, via crediário digital personalizado. Com o tempo, deverá ocorrer também a redução no uso do dinheiro em espécie e dos cartões de crédito e débito.
Confira algumas características do Pix relacionadas ao varejo:
1. Velocidade
Com o Pix, as transações são compensadas em poucos segundos. Isso significa, para os varejistas, acesso aos valores pagos por este meio imediatamente, ao contrário do que ocorre hoje com opções como cartões de crédito e débito.
2. Redução de taxas
O Pix é uma das soluções mais econômicas para o varejo em comparação a outros meios de pagamento. Apesar de as tarifas serem definidas pelas instituições financeiras participantes, elas são inferiores no recebimento de valores e nas transferências para fornecedores, por exemplo.
Algumas instituições financeiras estão, inclusive, isentando micro e pequenas empresas de cobranças pelo recebimento via Pix.
3. Rapidez na transação
A agilidade nos processos de cobrança e pagamento do sistema ajuda a reduzir as filas no ponto de venda e a otimizar a experiência de compra dos consumidores.
4. Saques em estabelecimentos comerciais
Como mencionamos, a partir de 29 de novembro de 2021, o Pix no varejo trará a possibilidade de consumidores fazerem saques em lojas, o que deve incentivar o reuso dos valores no estabelecimento, além de levar mais pessoas ao ponto de venda.
5. Agendamento de pagamentos
A previsão do fluxo de caixa ajuda na gestão dos negócios e garante um controle maior do estoque e das operações internas.
6. Facilidade de identificação
O funcionamento do Pix oferece três opções de transação. Via QR Code, link de pagamento ou inserção manual de informações (chave), sendo que é preciso utilizar apenas um dado: CPF, CNPJ, telefone ou e-mail.
E, se o consumidor não quiser dividir nenhuma informação pessoal, existe a opção de criar uma chave aleatória. Independente da escolha, a operação do Pix no varejo é simples e segura – tão fácil quanto enviar uma mensagem pelo WhatsApp.
7. Competitividade
O novo sistema tem o potencial de alavancar a competitividade e a eficiência do mercado, já que é automatizado, tem baixo custo e garante transações seguras.
Com isso, tanto o varejo tem a oportunidade de otimizar seus processos, quanto, para aqueles que são emissores de cartões private label ou outros serviços financeiros, existem oportunidades para criação de novas soluções, mais atrativas ao público.
8. Conveniência
O Pix foca na experiência do usuário, sendo muito mais simples do que fazer um DOC ou TED, tanto quanto usar o dinheiro em papel. O mesmo serve para processos reversos, como estornos, que também é facilitado e não tem custo.
Dessa forma, o consumidor será estimulado a optar pelo Pix no varejo, impactando nos outros benefícios como otimização das operações e do fluxo de caixa.
9. Controle da inadimplência
Para as redes varejistas torna-se também mais fácil realizar cobranças, já que o consumidor poderá efetuar os pagamentos à distância. Da mesma forma, pode ser mais simples a confirmação dos pagamentos para opções como boleto e cartão de crédito.
10. Potencial para impulsionar a economia e acelerar inclusão financeira
No contexto da pandemia e crise financeira, o Pix tem potencial para ajudar a impulsionar a retomada do comércio no Brasil, fomentar a competitividade dos negócios, reduzir as despesas de transação e operação, além de contribuir para a evolução da transformação digital e a inclusão financeira no país.
Resumo Pix no varejo: o que você viu neste artigo
- O Pix se mostrou um grande sucesso de adesão e em menos de dois meses superou as transações por TED e DOC.
- A maioria dos usuários cadastrados é pessoa física, assim como a maioria das transações liquidadas é entre pessoas.
- No entanto, já se percebe um aumento gradual e consistente das transações de pessoas para empresas – o percentual já triplicou desde o início.
- O Pix Saque e o Pix Troco devem impulsionar ainda mais o Pix no Varejo.
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