O setor financeiro vive uma transformação sem precedentes, e a Inteligência Artificial Generativa está no centro dessa revolução. Essa foi uma das mensagens do Febraban Tech 2025, que aconteceu de 10 a 12 de junho, no Transamérica Expo Center, em São Paulo.
Em sua 35ª edição, o maior evento de tecnologia e inovação financeira da América Latina promoveu debates de alto nível em torno do impacto da IA Generativa na eficiência das instituições, no foco estratégico dos profissionais e na experiência dos clientes.
Sob o tema “A aceleração do Setor Financeiro na Era da Inteligência”, o Febraban Tech 2025 reuniu mais de 500 especialistas em cerca de 200 painéis, nos quais também tiveram destaque também outros temas como hiperpersonalização, pagamentos inteligentes e o futuro do crédito.
A Dock marcou presença mais uma vez, com estande próprio e participação ativa na programação. Neste artigo, reunimos os principais destaques do evento, que evidenciam como as tendências discutidas devem redefinir os próximos passos do setor.
Confira 8 temáticas estratégicas que marcaram o Febraban Tech 2025
1. A redefinição do papel dos bancos e instituições financeiras
No painel “O Futuro dos Bancos na Era da Inteligência”, os CEOs dos principais bancos brasileiros falaram sobre os avanços da economia e dos negócios que estão redefinindo o mercado e o papel das instituições financeiras.
Para a presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, não há como ter um banco sustentável para o futuro sem investimento em tecnologia. Ao mesmo tempo, é preciso ter um propósito claro nesse investimento.
“Temos uma obsessão em entregar um banco para cada cliente, então nesse processo temos trabalhado de forma muito profunda a escalabilidade dos modelos de IA, sem que isso signifique o corte de pessoas ou projetos”, ressaltou a executiva.
Durante a sua fala no painel sobre a Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária, que ocorreu no último dia do evento, Sergio Biagini, Sócio Líder da Indústria de Serviços Financeiros da Deloitte Brasil, também elucidou o caminho que está sendo construído nesse sentido: “O que vem aí é o ‘banco conveniente‘. Dentro do aplicativo do banco, por exemplo, independente da tela, o cliente sempre terá acesso a um apoio, a um concierge”, ilustrou.
Biagini também destacou que criar cada vez mais familiaridade com o usuário é uma forte tendência e que isso deverá ser feito por meio de uma revolução na experiência consumida.
2. A chegada do Pix 2.0
Durante a abertura do Febraban Tech 2025, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, anunciou novas funcionalidades que marcarão a chegada do chamado “Pix 2.0”. A principal delas é o Pix Automático, que permitirá pagamentos recorrentes e deve ser lançado em 16 de junho.
A novidade reduz custos para empresas, amplia o controle financeiro dos consumidores e dispensa a necessidade de cartões ou boletos, beneficiando especialmente os cerca de 60 milhões de brasileiros que não possuem acesso a cartão de crédito
Outra função é o Pix por Aproximação, que permite pagamentos com o simples gesto de aproximar o celular, sem abrir o aplicativo bancário. Ainda neste ano, também deve ser lançado o Pix Parcelado, por meio do qual o cliente poderá dividir uma compra em parcelas, enquanto o lojista recebe o valor integral na hora.
Por fim, foi anunciada a função Pix como Garantia, que permitirá o uso de recebíveis via Pix como colateral em financiamentos, um avanço especialmente relevante para profissionais autônomos e pequenas empresas.
O sistema de pagamentos instantâneos também foi tema do painel “O que esperar do Pix e os meios de pagamentos“, que teve participação de Breno Lobo, Chefe-adjunto do Departamento de Competição e Estrutura do Mercado Financeiro do Banco Central.
Além de ressaltar os objetivos do BC alcançados com o Pix, Lobo também comentou sobre o Pix Internacional: “Vamos interligar o Pix com sistemas financeiros de outros países. Provavelmente através da Nexus, um hub multilateral que dará acesso aos sistemas dos outros países plugados”.
Contudo, Lobo ressaltou que, por ora, o Pix Internacional não é prioridade e deve ser lançado a médio prazo, tornando-se realidade somente em 2029 ou 2030.
3. O Drex como ferramenta de crédito
Além das novidades sobre o Pix, o presidente do Banco Central também aproveitou a abertura do evento para destacar o potencial do Drex na inclusão financeira. Segundo Galípolo, a proposta é facilitar o uso de garantias digitais, tornando o processo de concessão de crédito mais simples, seguro e acessível.
Com base em tecnologia de registros distribuídos (DLT), contratos inteligentes e tokenização, o Drex busca reduzir riscos e ampliar a oferta de crédito de forma planejada, sem tirar o protagonismo dos bancos.
Entre os planos futuros, está a criação de um superaplicativo onde os cidadãos poderão visualizar todos os seus ativos, como imóveis, veículos e ações, em um só lugar. Isso permitiria utilizar esses bens como garantia em empréstimos com mais agilidade, ampliando o poder de negociação do cliente.
Já no segundo dia do evento, a moeda digital do Banco Central também foi destaque no painel “Passo a passo do Drex”, onde Rogério Antônio Lucca, secretário-executivo do Banco Central, apresentou os três estágios do desenvolvimento do ativo digital brasileiro, que aproximam o país de uma realidade autoexecutável.
4. Tecnologia para ampliação do acesso ao crédito
Por falar em crédito, durante o workshop “Experiência do cliente e segurança omnichannel”, com Antonio Soares (CEO da Dock) e Alexandre Graff (VP da FICO), ficou claro que a tecnologia é o principal vetor para ampliar o acesso ao crédito de forma mais justa e inteligente. Modelos tradicionais já não bastam, é preciso incorporar dados alternativos que reflitam a realidade brasileira, marcada por informalidade.
O uso de dados preditivos permite enxergar o cliente em sua totalidade, antecipando comportamentos e riscos. Isso transforma a concessão de crédito em uma jornada contínua de relacionamento, com foco em educação financeira e proteção do consumidor.
Ao integrar tecnologia, segurança e visão preditiva, o crédito deixa de ser uma barreira e se torna uma ponte para a inclusão.

Antonio Soares (CEO da Dock) e Alexandre Graff (VP da FICO) durante o workshop no Febraban Tech 2025.
5. IA Generativa e o desafio da qualidade de dados
A Inteligência Artificial Generativa está transformando o mercado de trabalho, destacando a “economia dos agentes de IA”, onde humanos e robôs colaboram lado a lado.
Em painel bastante aguardado no Febraban Tech 2025, Sandy Carter, autora de AI First, Human Always, reforçou que o sucesso depende de testar a tecnologia, alinhar dados aos objetivos do negócio e incentivar o uso ativo da IA pelas equipes, alertando que ela deve ser vista como parceira, não apenas uma moda.
Esse avanço traz oportunidades, mas também desafios para garantir que a IA seja eficiente, principalmente relacionados à qualidade e disponibilidade dos dados. No workshop “AI no ritmo do mercado: dados em tempo real, decisões sem delay”, promovido pela Dock, especialistas concordaram que a Inteligência Artificial só atinge seu potencial quando alimentada por dados certos e no momento certo.
Thiago Teixeira, CTO da Dock, destacou que o verdadeiro diferencial competitivo está nos dados e na sua disponibilidade imediata, essencial para o setor financeiro. Clovis Chedid, Diretor de Engenharia de Dados da Dock, reforçou que o maior desafio é dar significado aos dados, unindo semântica e contexto para que a IA entregue valor real.
Por fim, Victor Cruz, da Databricks, complementou que, sem uma plataforma consolidada com velocidade, performance e governança, não há avanço maduro em IA.
6. A nova adquirência e os pagamentos inteligentes
No workshop “Nova Adquirência: o mapa dinâmico de um mercado em transformação”, Gabriela Szprinc (CBO da Dock), Vlademir Santos (ACI Worldwide) e Edson Santos (Colink) debateram como o setor vem se transformando com o Pix, os pagamentos embutidos e a digitalização do varejo.
O consenso é de que a adquirência não está acabando, mas, sim, evoluindo para plataformas tecnológicas focadas em experiência, eficiência e segurança. O adquirente assume um papel estratégico ao garantir jornadas fluidas e seguras
“O futuro continua sendo a experiência do cliente”, afirmou Gabriela. Dessa forma, o objetivo é tornar o pagamento invisível: rápido, seguro e adaptado ao que o consumidor prefere. Isso vale tanto para o B2C quanto para o B2B, que passa a adotar ferramentas personalizadas e modelos inovadores de crédito.
Em resumo, embedded payments e smart checkout são o futuro, e quem liderar essa evolução estará moldando não só o comércio, mas toda a lógica da nova economia digital.
7. O futuro do varejo e os pagamento embutidos
No workshop “Do clique ao pagamento: as tendências que estão moldando o varejo”, Henrique Casagrande (VP Brasil e COO Dock), Pedro Albuquerque (Cofundador da RPE) e Rafael Souza (Diretor de CRM e Serviços Financeiros do Grupo Pereira) debateram como o comportamento do consumidor mudou profundamente, com várias gerações consumindo simultaneamente e a fidelidade às marcas em queda.
Não há dúvida de que o varejo precisa investir na personalização baseada em dados, integrando canais físicos e digitais de forma estratégica.
Nesse cenário, o crédito próprio surge como diferencial competitivo essencial para aumentar o ticket médio e a fidelização, especialmente para quem consegue usar dados de forma inteligente e segmentada. Para isso, varejistas regionais precisam superar desafios tecnológicos e estruturar seus dados para avançar rumo à hiperpersonalização. “Crédito e dados caminham juntos, e o varejo está em um lugar privilegiado para impulsionar essa transformação”, ressaltou Casagrande.
O futuro está na combinação entre dados que conhecem o cliente e soluções de pagamento integradas e quase invisíveis, tornando a jornada de compra mais fluida e segura.
8. Beyond Banking e hiperpersonalização
O conceito de Beyond Banking, que consiste em ir além dos serviços financeiros tradicionais, integrando soluções digitais que atendem às necessidades completas dos clientes, esteve presente em diversos momentos do evento.
Como trazido à tona no painel “Bancos sob medida, interações hiperpersonalizadas”, o ideal de ter um gerente exclusivo para cada cliente era algo impensável diante da complexidade do mercado.
Porém, com o avanço da Inteligência Artificial Generativa e das tecnologias de análise de dados, hoje as instituições podem entregar hiperpersonalização em grande escala, criando experiências únicas e alinhadas aos hábitos e preferências dos usuários em tempo real.
O diferencial competitivo reside na rapidez com que as instituições brasileiras adotam essas soluções, combinando agilidade, segurança e relevância no relacionamento com o cliente.
Dock no Febraban Tech 2025: conexão, inovação e futuro dos serviços financeiros
Participar do Febraban Tech 2025 foi, mais uma vez, uma oportunidade valiosa para trocar conhecimento e acompanhar de perto as transformações que estão redefinindo o setor financeiro. Estar presente em um evento tão relevante reforça nosso compromisso com a inovação e com o avanço tecnológico do mercado.
O estande da Dock foi palco de conversas inspiradoras com clientes, parceiros e visitantes. Pudemos apresentar novidades, explorar ideias e aprofundar relações que impulsionam nosso propósito de criar soluções com impacto real. Essa interação constante é o que nos move a evoluir e entregar mais valor a cada jornada.
Agradecemos a todos que passaram por lá e contribuíram para essa edição especial. Seguimos firmes na missão de transformar o ecossistema financeiro com tecnologia, agilidade e colaboração. Até a próxima edição do Febraban Tech!
Febraban Tech 2025: o que você viu neste artigo
- O Febraban Tech 2025, maior evento de tecnologia financeira da América Latina, reuniu mais de 500 especialistas para debater o futuro do setor;
- A Inteligência Artificial Generativa foi destaque, mostrando como a tecnologia está transformando a experiência do cliente;
- A chegada do chamado Pix 2.0 traz novas funções que facilitam pagamentos e ampliam o acesso financeiro;
- A moeda digital Drex promete simplificar o crédito usando garantias digitais e um superapp para ativos;
- No varejo, a combinação de dados e crédito próprio se mostra vital para personalizar a jornada do consumidor;
- A qualidade dos dados é fundamental para o sucesso da IA e para oferecer crédito inclusivo e seguro;
- O futuro do setor financeiro passa pela hiperpersonalização e ofertas de serviços financeiros que vão além do banco tradicional.
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