Febraban Tech 2024: 9 insights do maior evento de tecnologia e inovação do setor financeiro
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Com a Inteligência Artificial se consolidando como um dos tópicos mais impactantes no atual cenário financeiro, o Febraban Tech 2024 já chegou gerando grande expectativa ao definir como tema central “A jornada responsável na nova Economia da IA”.
De 25 a 27 de junho, a 34ª edição do maior evento financeiro da América Latina reuniu em São Paulo as principais lideranças do setor para debater como utilizar de forma responsável os novos recursos e avanços da inteligência artificial. Além disso, em seus mais de 120 painéis, o Febraban Tech 2024 também destacou temas quentes como tokenização, pagamentos instantâneos, inclusão financeira e muito mais.
Como já é tradição, a Dock esteve presente na área de expositores e na programação do evento. Acompanhamos tudo de perto e trazemos neste artigo os principais insights deste grande encontro do setor financeiro!
Principais temas que guiaram o Febraban Tech 2024
1. Inteligência Artificial como protagonista
Assim como acontece em outras edições, o painel de abertura do Febraban Tech 2024 reuniu os presidentes dos maiores bancos do país para comentar os avanços da Inteligência Artificial enquanto tema central do evento.
Ficou claro que os bancos tradicionais têm investido fortemente em IA para otimizar operações, reduzir custos e melhorar a experiência dos clientes. Ou seja, uma espécie de alerta para as fintechs e os neobanks que ainda não começaram a avançar nessa área e podem, com isso, perder em termos de competitividade.
Pensando no impacto prático da Inteligência Artificial no setor financeiro, Carlos Vieira, presidente da Caixa Econômica Federal, citou que a tecnologia permitiu reduzir o prazo da análise de crédito imobiliário de três dias para para três horas, gerando uma economia de mais de R$ 1 milhão.
Também foi destacada a possibilidade das instituições financeiras utilizarem a IA para tomar decisões de caráter mais preventivo do que reativo. Nas palavras de Milton Maluhy Filho, CEO do Itaú Unibanco, trata-se de tomar decisões antes que o evento aconteça.
2. Open Finance chega à maturidade
O primeiro dia de programação do Febraban Tech 2024 trouxe uma mensagem muito direta sobre Open Finance, derrubando o mito de que o sistema não decolou no Brasil.
O painel “As conquistas e próximos passos do Open Finance brasileiro” levantou a questão de que só agora o sistema financeiro aberto começa a ter aplicações reais para os usuários, sem falar no fato de que as instituições amadureceram muito desde seu lançamento, em 2021.
Nesse debate, Joice Almeida, SR Head de Open Data do Santander, destacou que o Open Finance abre muitas oportunidades de oferecer melhores experiência nos serviços financeiros, reforçando a principalidade das instituições. “A principalidade é um jogo que todo mundo está jogando e quer ganhar. O relacionamento com o cliente já é aberto, se trata de transformar a experiência em mais fluida e conveniente”, concluiu.
Por sua vez, o painel “Maturidade do Open Finance: ecossistema financeiro invisível, aberto e conectado transforma o atendimento” antecipou algumas novidades do sistema. De acordo com Matheus Rauber, assessor sênior do Banco Central, serão publicadas nos próximos dias algumas atualizações normativas relativas.
Além disso, o BC está realizando um mapeamento para entender as razões pelas quais a adoção do Open Finance avança a passos lentos em relação às pessoas jurídicas.
3. O trilho do Pix
Após quatro anos de seu lançamento, o sistema do Pix esteve em pauta na agenda como viabilizador para evoluções no mercado de pagamentos e banking, utilizando seu trilho para outros serviços como o crédito.
Dentro disso, entender os desafios e oportunidades da convergência dos meios de pagamento e como o Pix vem mudando a forma como o brasileiro realiza pagamentos foi a proposta do painel “Pix, o novo trilho universal”.
Para ilustrar o poder do Pix em transformar mercados, Maurício Santos, Diretor Executivo de Serviços Financeiros da Claro, citou como o sistema de pagamentos instantâneos revolucionou o mercado de bets. “Os boletos bancários demoravam dias para compensar e os cartões de crédito tinham riscos de fraude. O Pix contribuiu para o boom do mercado, entregando instantaneidade para apostador”.
Em relação aos próximos passos utilizando o trilho do Pix, é consenso de que ainda há uma demanda significativa para a substituição do dinheiro em espécie pelos pagamentos instantâneos, pois a adoção do QR code em pagamentos presenciais ainda não é totalmente orgânica. Nesse contexto, a tecnologia NFC (Near Field Communication) pode facilitar essa transição ao permitir pagamentos por aproximação, tornando o processo mais simples e intuitivo.
4. Drex e tokenização
As novidades sobre o projeto de moeda digital criado e operado pelo Banco Central chegaram no segundo dia do Febraban Tech 2024, através da fala de Fábio Araujo, diretor do Drex dentro do Banco Central.
De acordo com Araujo, o Drex entrou oficialmente na segunda fase de testes, onde está prevista a tokenização de títulos públicos e novos casos de uso para a moeda digital. Esses novos cenários serão propostos inicialmente pelos consórcios que atualmente participam do projeto.
Partindo para a análise de um cenário mais amplo da economia tokenizada, o painel “Os novos passos da evolução do Drex” reuniu João Gianvecchio (BV), Solange Parisoto (Sicredi), Larissa Moreira (Itaú Unibanco) e Bruno Batavia (Valor Capital).
Os painelistas levantaram a questão de que a plataforma do Drex pode se tornar um ecossistema financeiro para os ativos tokenizados e discutiram caminhos para incorporar a moeda digital em seus produtos e serviços.
5. Cibersegurança e as novas fronteiras do combate à fraude
Segundo a Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária 2024, 100% dos bancos consultados indicaram que a segurança da informação dos clientes é prioridade estratégica. Não é à toa que a prevenção de fraude e a cibersegurança estiveram presentes em grande parte da programação do evento.
No painel “As novas fronteiras da cibersegurança e do combate à fraude”, Thiago Cunha, Chief Information Security Officer da Dock, ponderou que a tecnologia vem se ampliando em velocidade impressionante e, com isso, as possibilidades para fraudadores se ampliam também. Além disso, é importante observar também que os desafios mudam de acordo com o seu segmento de atuação.
“Aqui na Dock, por exemplo, nós processamos mais de um bilhão de requisições de APIs por dia, e garantimos a segurança de todas essas requisições. O desafio aqui é ter um olhar combinado de cibersegurança e prevenção a fraudes. Porque essa visibilidade integral do ecossistema é o que nos permite ir além na proteção dos nossos clientes e do consumidor final”, argumentou Cunha.
Ainda em relação ao tema, o evento também foi palco para apresentação de pesquisas e inovações. Na área VIP da Dock, a Unico, empresa especializada, líder em identidade digital e parceira da Dock, apresentou um estudo inédito, realizado com o MIT Sloan.
Entre outros dados, a pesquisa “Como a adoção de tecnologias pode contribuir para o crescimento do setor financeiro” revelou que 73% dos bancos nacionais já adotaram a biometria facial, o que demonstra a perspectiva de expansão com uma projeção de contribuir em até 13% com o PIB até 2030.
6. Inclusão bancária x inclusão financeira
A real inclusão financeira é também uma oportunidade de negócio. Essa foi a mensagem que Antonio Soares, CEO da Dock, levou para o mercado no painel “Inclusão financeira para a base da pirâmide”, destacando a importância de olhar para a amplitude de possibilidades que temos nesse cenário.
“O Brasil avançou muito em inclusão bancária, mas isso é diferente de inclusão financeira. Prova disso é a concessão de crédito no país, que anda na contramão da alta adesão a pagamentos instantâneos”, salientou.
Para ele, usando o mesmo trilho do Pix, é possível levar produtos de crédito conscientes e responsáveis para quem ainda não tem acesso. E as finanças embarcadas podem ser o caminho para trazer agentes que vão propagar a infraestrutura financeira, atingindo a base da pirâmide. Afinal, essas empresas têm um valor de proximidade com o consumidor final que nenhum banco, nenhuma fintech, vai conseguir atingir.
“As finanças embarcadas não são uma tese, uma teoria. É algo que a gente já está vendo. Cases como o da Roadcard, Jaé, Bemol e G10 Bank estão aí para mostrar que dá para obter sucesso focando em uma parcela da população que, até então, não estava sendo amplamente atendida”, concluiu.
7. Hiperpersonalização com IA
Com o usuário de serviços financeiros buscando cada vez mais a hiperpersonalização em suas interações com as instituições, qual é a realidade dos bancos brasileiros no uso da IA para essa entrega hiperpersonalizada?
Essa foi a questão levantada pelo painel “Há uma IA para tudo? A Hiperpersonalização a serviço do cliente”, que reuniu lideranças dos principais bancos nacionais.
Detalhando esse cenário, AnaLaura Morais, chefe de CRM e indução digital do Banco do Brasil, revelou que o banco está experimentando centenas de modelos. A utilização da IA no SAC, por exemplo, ajuda a analisar o grau de insatisfação dos clientes através de uma análise de sentimento, avaliando comportamento, mudanças no tom de voz e palavras usadas.
Os resultados, conta a especialista, são mais do que positivos. “Hoje estamos onde todos querem estar, somos último do ranking de reclamações do Bacen”, destacou.
8. Finanças Assistidas
As finanças assistidas representam a aplicação conjunta de inteligência artificial e realidade aumentada no setor financeiro, criando uma variedade de assistentes virtuais que podem atuar otimizando a experiência do usuário. Na prática, isso significa otimizar transações, obter aconselhamento personalizado e muitas outras possibilidades.
No painel “O surgimento das Finanças Assistidas: a Inteligência Artificial transformando a experiência financeira”, Nina Dragone, Head de Vendas e Desenvolvimento de Negócios da Meta, e Soraya Lima Thorsjö, Sales Executive da Microsoft, destacaram o potencial que esse movimento tem de revolucionar ainda mais a maneira como interagimos com soluções financeiras.
A especialista da Microsoft exemplificou a aplicação da tecnologia na área do crédito para agronegócio, onde a realidade aumentada e a IA poderiam ser utilizadas para avaliar o risco e prever cenários futuros, ajudando a definir se aquela é uma linha de negócio viável para a instituição financeira.
9. Saúde Financeira ao longo da jornada
Com a proximidade da entrada em vigor da Resolução Conjunta n° 8 de 21/12/2023 do Banco Central, que obriga as instituições autorizadas a funcionar pelo BC a adotarem medidas de educação financeira direcionadas a seus clientes, o tema saúde financeira foi amplamente debatido no Febraban Tech 2024.
Moderado por Amaury Oliva, diretor de Sustentabilidade, Cidadania Financeira, Relações com o Consumidor e Autorregulação da Febraban, o painel “Estratégias adotadas pelas instituições financeiras na promoção de ações de educação financeira” foi bastante produtivo ao apresentar boas práticas para diferentes perfis de público.
Nesse sentido, Emanuelle Moraes, gerente de Cidadania e Sustentabilidade do Centro Cooperativo Sicoob, relatou a experiência com o programa “Clínicas Financeiras Virtuais”, que oferece consultoria financeira individualizada, de forma gratuita e online, para pessoas de todo o país. “A educação financeira precisa ser contextual e prática, começando pelo indivíduo mas alcançando a comunidade”, destacou.
Veja mais insights sobre o evento trazidos pelos nossos especialistas:
Dock no Febraban Tech 2024: mais uma edição para mergulhar nas tendências e fortalecer relacionamentos
Estar no Febraban Tech é sempre uma experiência enriquecedora e, neste ano, não foi diferente. Foi ótimo participar mais uma vez da programação do evento e compartilhar nossa visão de como as soluções tecnológicas estão moldando o futuro dos serviços financeiros.
Também tivemos o prazer de receber clientes e parceiros no estande da Dock, um espaço dinâmico onde pudemos apresentar nossas mais recentes inovações, discutir tendências e fortalecer relacionamentos. Essa troca é essencial para entender necessidades e desafios, e continuar desenvolvendo soluções que realmente fazem a diferença.
Febraban Tech 2024: o que você viu neste artigo
- O Febraban Tech 2024 destacou a importância crescente da Inteligência Artificial no setor financeiro, com ênfase nos investimentos dos bancos em IA para melhorar eficiência e experiência do cliente.
- O evento também abordou o amadurecimento do Open Finance, os benefícios dos pagamentos instantâneos pelo Pix, e o avanço do projeto Drex do Banco Central.
- A cibersegurança foi destacada como prioridade, junto com iniciativas para promover inclusão financeira e hiperpersonalização nos serviços bancários.
- Antonio Soares, CEO da Dock, discutiu a inclusão financeira e o impacto do Pix na democratização dos serviços financeiros, destacando a ascensão das finanças embarcadas.
- Thiago Cunha, Chief Information Security Officer da Dock, enfatizou a importância da cibersegurança e prevenção de fraudes, ressaltando o desafio de proteger vastos volumes de dados.
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