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Pagamentos e serviços financeiros no Brasil: desafios, oportunidades e tendências do setor

Publicado em 21 fev 2025. 12 minutos de leitura
Pagamentos e serviços financeiros no Brasil: desafios, oportunidades e tendências do setor

Nos últimos anos, a América Latina tem se tornado um centro de inovação no setor financeiro. Esse crescente movimento de transformação na região foi o principal objeto de estudo “Terras de Oportunidades 2ª Ed. –  O poder financeiro da América Latina”, lançado recentemente pela Dock. O cenário de serviços financeiros e pagamentos no Brasil foi um dos principais temas abordados pelo material.

A segunda edição do levantamento realizado pela equipe de  Pesquisa e Inteligência de Mercado da Dock oferece um panorama completo e aprofundado sobre o mercado latino-americano de banking e pagamentos, explorando as principais tendências, desafios e oportunidades que emergem em países-chave da região, como Brasil, México, Colômbia, Chile, Argentina e Peru.

Quando o assunto é tecnologia financeira na América Latina, o Brasil é um país pioneiro, atuando na vanguarda de grande parte das transformações do setor. Com um dos mercados mais dinâmicos da região, que é marcado por um ecossistema pulsante de bancos tradicionais, fintechs e soluções digitais, o país tem sido um exemplo da alta digitalização de serviços financeiros, de tecnologias inovadoras e de um ambiente regulatório favorável.

Neste artigo, trazemos insights da 2ª edição do Terras de Oportunidades sobre serviços financeiros e pagamentos no Brasil, destacando as principais tendências e oportunidades no setor. Além disso, abordamos o caso revolucionário do Pix enquanto meio de pagamento e descrevemos os principais aspectos comportamentais dos consumidores brasileiros.

 

Brasil: na vanguarda da inovação financeira na América Latina

 

O Brasil é a maior economia da América Latina, responsável por cerca de um terço do PIB da região. Com um Produto Interno Bruto (PIB) de US$ 2,17 trilhões, uma população de mais de 212 milhões de habitantes e um mercado de consumo diversificado e em constante evolução, o país se configura como o local ideal para inovações financeiras.

Impulsionado pelo Banco Central, o Brasil se destaca por um ambiente regulatório moderno e favorável à inovação, promovendo a digitalização e a inclusão financeira. O país é exemplo na América Latina em diversas frentes, como a adoção do Pix, um sistema revolucionário de pagamentos instantâneos, e o avanço do Open Finance, que permite maior transparência e competitividade no setor.

Além disso, o Brasil possui um dos ecossistemas de fintechs mais desenvolvidos do mundo, com mais de 1.600 startups financeiras, muitas das quais lideram tendências globais em serviços financeiros digitais. Essas inovações, aliadas à alta taxa de bancarização e à crescente adoção de tecnologias como pagamentos por aproximação e carteiras digitais, consolidam o cenário de banking e pagamentos do Brasil como um dos mais avançados em tecnologia financeira não apenas da América Latina.

 

Bancarização em alta

 

Nos últimos anos, a digitalização dos serviços financeiros trouxe avanços significativos, ampliando a inclusão financeira e permitindo que mais brasileiros tenham acesso a serviços bancários.

Atualmente, cerca de 96% da população adulta possui uma conta bancária, mas esse número não reflete completamente a realidade do acesso e uso dos serviços financeiros. Muitos brasileiros, apesar de terem contas, ainda enfrentam dificuldades para obter crédito ou acessar soluções financeiras mais sofisticadas.

Parte desse alto nível de bancarização é explicado pelo crescimento dos bancos digitais e fintechs, que desafiaram o domínio das instituições tradicionais e ofereceram soluções mais acessíveis e intuitivas.

Hoje, o brasileiro tem, em média, 5,5 contas bancárias, distribuídas entre diferentes instituições. A tendência reflete essa busca por melhores condições e benefícios em produtos financeiros. O mercado, portanto, se tornou mais dinâmico e competitivo, com novas empresas disputando o mesmo cliente.

 

A revolução do Pix nos pagamentos do Brasil

 

A implementação do Pix pelo Banco Central do Brasil, em 2020, foi um dos maiores marcos do setor financeiro brasileiro. O sistema de pagamentos instantâneos trouxe uma nova dinâmica ao mercado, permitindo transações entre pessoas e empresas de forma rápida, segura e gratuita para usuários finais.

Seu impacto foi imediato, tornando-se rapidamente o meio de pagamento mais utilizado no país. O Pix já conta com mais de 157 milhões de usuários cadastrados, o que representa 74% da população brasileira.

Pix X outros meios de pagamento

Além de facilitar pagamentos do dia a dia, o Pix trouxe uma série de impactos que foram além da conveniência. Ao permitir que pessoas sem acesso a cartões de crédito ou contas bancárias pudessem realizar e receber pagamentos de forma digital, ele acelerou a inclusão financeira. O crescimento do comércio eletrônico também foi beneficiado pelo novo meio de pagamento, que chegou a representar 30% das transações no setor em 2023.

O Banco Central segue investindo na evolução do Pix, expandindo suas funcionalidades e introduzindo novas camadas de inovação. Entre as próximas implementações estão o Pix Garantido, que permitirá pagamentos parcelados sem a necessidade de um cartão de crédito, e o Pix por Aproximação, que facilitará pagamentos sem contato físico, utilizando tecnologia NFC. Outras iniciativas incluem o Pix Internacional, voltado para transações globais, e o Pix Offline, que possibilitará pagamentos mesmo em locais sem conexão.

 

Tendências no setor de pagamentos e serviços financeiro no Brasil

 

O Brasil tem se consolidado como um dos países mais avançados em inovação no setor de pagamentos e serviços financeiros, impulsionado por um ambiente regulatório favorável, pela alta taxa de digitalização da população e pelo crescimento acelerado de fintechs e soluções tecnológicas.

Esse avanço reflete a capacidade do país de implementar rapidamente novas tecnologias, como o Pix, promovendo maior inclusão financeira e eficiência nas transações. A evolução constante desse ecossistema cria um ambiente fértil para o surgimento de novas oportunidades de negócios.

Confira algumas dessas tendências que estão consolidando o Brasil como referência global em transformação digital no setor financeiro.

 

Open Finance

Entre as principais tendências que moldam o setor, destaca-se a adoção do Open Finance, um sistema que facilita o compartilhamento de dados financeiros entre instituições, permitindo serviços mais personalizados e competitivos. Até o final de 2024, o Brasil registrou mais de 50 milhões de consentimentos ativos, entre pessoas físicas e jurídicas, para essa interface de informações.

A ampliação do Open Finance deve impulsionar uma nova era de produtos financeiros, em que os consumidores podem acessar serviços bancários e obter melhores condições de crédito de forma mais transparente e eficiente.

 

Carteiras digitais

Outra tendência que tem ganhado força no país é o aumento da utilização de carteiras digitais. A adoção dessas soluções cresceu consideravelmente, especialmente no varejo e no comércio eletrônico, onde pagamentos por QR Code e carteiras digitais representam uma fatia crescente das transações financeiras.

A facilidade de uso, aliada à segurança e à integração com o Pix, tem tornado essas carteiras um componente essencial do ecossistema de pagamentos brasileiro.

 

Crédito digital

O acesso ao crédito digital tem se tornado uma das principais oportunidades no setor financeiro brasileiro, impulsionado pelo crescimento acelerado das fintechs e pela ampliação das iniciativas de Open Finance.

Com taxas de juros elevadas, muitos consumidores e pequenas empresas enfrentam dificuldades para obter financiamento por meio das instituições tradicionais. No entanto, as soluções digitais têm mudado essa realidade, possibilitando o surgimento de novos modelos de crédito que são mais acessíveis, ágeis e personalizados.

 

Pagamentos por aproximação

Com a digitalização em crescimento acelerado e a busca por soluções de pagamento digital mais rápidas e seguras, a ascensão dos pagamentos por aproximação tornou-se uma tendência inevitável.

O uso de cartões contactless tem se expandido rapidamente, e a expectativa pela introdução do Pix por Aproximação pode revolucionar ainda mais esse segmento. Sendo assim, as empresas do setor financeiro precisam estar preparadas para atender a essa demanda por novas formas de realizar transações.

 

Para ficar de olho: Drex

 

O Banco Central do Brasil está impulsionando a inovação com o desenvolvimento do Drex, a versão digital do Real, concebida como parte da estratégia do órgão para modernizar e democratizar o acesso aos serviços financeiros. O Drex é uma moeda digital emitida pelo Banco Central, baseada na tecnologia de blockchain, e faz parte da nova geração de moedas digitais de bancos centrais (CBDCs), que buscam trazer maior eficiência e segurança para as transações financeiras.

Diferente das criptomoedas, o Drex terá lastro no Real e será regulamentado pelo Banco Central, garantindo maior estabilidade e previsibilidade no seu uso. Seu desenvolvimento foi dividido em fases, com testes conduzidos desde 2023 por um consórcio de instituições financeiras e fintechs. A expectativa é que ele seja implementado amplamente nos próximos anos, de forma gradual,  proporcionando novas formas de transações digitais.

 

Tokenização de ativos

Uma das principais inovações do Drex será sua capacidade de viabilizar a tokenização de ativos financeiros, permitindo representar digitalmente bens como imóveis, contratos de investimento e títulos financeiros, tornando-os mais acessíveis. Isso porque esse processo permite a fragmentação de grandes ativos via blockchain, viabilizando investimentos fracionados em bens que antes eram acessíveis apenas a grandes investidores.

 

Contratos inteligentes

Uma das grandes vantagens do Drex será sua capacidade de suportar contratos inteligentes, que poderão automatizar pagamentos, financiamentos e transações diversas, reduzindo a necessidade de intermediários e garantindo mais segurança e eficiência nos processos financeiros. Essa funcionalidade poderá ser usada em diversas aplicações, desde a liquidação automática de contratos de crédito até a gestão programada de pagamentos entre empresas.

 

Inclusão financeira

Além disso, a implementação do Drex facilitará o desenvolvimento de um ambiente financeiro mais inclusivo, permitindo que pequenos investidores tenham acesso a ativos tradicionalmente restritos a grandes instituições financeiras. A integração dessa moeda digital com o ecossistema de Open Finance permitirá a criação de novas soluções financeiras que aproveitem ao máximo a interconectividade entre diferentes players do mercado.

 

América Latina: terras de oportunidades

 

O Brasil é apenas um dos mercados promissores da América Latina. O estudo “Terras de Oportunidades 2ª Ed.” oferece uma visão abrangente sobre o ecossistema financeiro da região. O material explora também o potencial de outros países, destacando indicadores macroeconômicos relevantes, perfis de consumidores e análises sobre inclusão financeira e digitalização.

O estudo aprofunda tendências emergentes, como o avanço do Open Finance, e aborda inovações tecnológicas que estão redefinindo o futuro dos meios de pagamento e dos serviços bancários na região.

 

México

Apesar dos desafios de desbancarização e do uso predominante de dinheiro em espécie, o México tem avançado na digitalização dos serviços financeiros, impulsionado pelo crescimento do e-commerce e das carteiras digitais e ampliando a inclusão financeira. Você pode conferir mais detalhes no artigo que produzimos sobre o panorama do país.

 

Colômbia

A Colômbia apresenta um ecossistema fintech em rápida expansão, com destaque para a regulação avançada de Open Finance e o crescimento de soluções de pagamentos digitais e remessas internacionais.

 

Argentina

Na Argentina, apesar dos desafios econômicos, o ambiente fintech é dinâmico e diversificado, com um crescimento expressivo no uso de criptomoedas e soluções digitais para lidar com a instabilidade econômica.

 

Peru

Já o Peru tem mostrado um crescimento acelerado no uso de pagamentos digitais, apoiado por iniciativas governamentais de incentivo à inovação e à inclusão financeira, além de um ecossistema de fintechs em expansão, especialmente em áreas de crédito e gestão financeira.

 

Acesse o material completo para saber mais sobre as oportunidades no Brasil e em outras nações latino-americanas

 

Pagamentos e serviços financeiros no México: o que você viu neste artigo

 

  • O Brasil tem um mercado dinâmico, forte digitalização e um ambiente regulatório que impulsiona fintechs e novos serviços.
  • Criado pelo Banco Central, o Pix já tem 157 milhões de usuários, facilitando transações rápidas e promovendo inclusão financeira.
  • Com 50 milhões de consentimentos ativos, o Open Finance permite mais transparência, personalização e melhores condições de crédito.
  • A demanda por pagamentos mais rápidos, práticos e seguros tem impulsionado a utilização de cartões contactless e carteiras digitais
  • Fintechs e o Open Finance estão facilitando o acesso ao crédito digital, tornando-o mais acessível para consumidores e empresas.
  • O Drex, a moeda digital do Banco Central, trará mais segurança, tokenização de ativos e contratos inteligentes para automatizar transações.

 

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